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Opinião (bem pessoal): Por que “Tamanho Família” é o pior programa da Globo

Mauricio Stycer

20/04/2019 18h52


Volta ao ar neste domingo (21) aquele que considero o pior programa da grade da Globo. Exibido desde 2016, em temporadas de 11 a 17 episódios, "Tamanho Família" é apresentado por Marcio Garcia e reúne a cada semana duas celebridades acompanhadas de três parentes ou amigos.

"Um formato original Globo", "Tamanho Família" tem a aparência de um "game show", no qual as duas famílias competem, mas não há prêmio algum envolvido. As atividades propostas são basicamente brincadeiras inocentes para provocar graça. Mas costumam não ter graça alguma.

A música-tema, "Família", é dos Titãs, com letra de Arnaldo Antunes e Tony Bellotto, e integra um dos álbuns icônicos da banda, o pesado "Cabeça Dinossauro" (1986). Mas perdeu toda a sua ironia e ganhou ares de hino de colônia de férias ao ser interpretada em clima triunfante pela Família Lima.

Marcio Garcia transmite sempre a mesma e enorme energia no comando da atração, não importa quem esteja entre os convidados. No início é legal, mas depois de dois ou três episódios essa animação toda não parece natural. O apresentador passa a impressão de estar no comando de uma disputa emocionante, mas é apenas uma brincadeira entre amigos.

Imagino que os convidados participam apenas pela promoção da imagem. Logo, não é justo cobrar muito deles. Isso explica porque raramente há algum envolvimento significativo das atrações e de seus familiares com o programa.

O pior de tudo ocorre no final de cada episódio quando é exibido o quadro destinado a fazer os convidados chorar. Todos sabem que o objetivo é esse – e ficamos esperando, então, que os convidados chorem.

Em resumo, acho tudo artificial em "Tamanho Família", tanto a alegria quanto a emoção do final. O sucesso do programa apenas confirma que esta minha opinião não importa nada, o que me tranquiliza.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.