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Domingo Show insiste na exploração de doenças, o golpe mais baixo por Ibope

Mauricio Stycer

12/05/2019 16h44

O apresentador Geraldo Luis conta a história de Thiago no "Domingo Show"

Geraldo Luis se orgulha de ser um "contador de histórias". É um mestre, realmente, na arte de transformar fiapos de drama em programas com três ou quatro horas de duração. O assunto preferido do seu "Domingo Show" são figuras que alcançaram alguma fama no passado, de preferência trabalhando na Globo, e que hoje vivem esquecidas ou em dificuldades.

Também gosta de histórias bizarras, como a do hospital com fama de mal-assombrado, ou dramas de anônimos que tem a voz semelhante a algum cantor sertanejo famoso. Ou, ainda, de crianças desgarradas dos pais que se reencontram após 20 ou 30 anos.

Quando não tem nenhuma história destas para contar, Geraldo Luis apela ao golpe mais baixo que existe em nome da audiência: a exploração de doenças. As vítimas, sempre, são pessoas de origem humilde, sem acesso a médicos, que sofrem em meio à desinformação.

No início de março, Geraldo revisitou um drama que vem explorando há anos – o "adulto em corpo de criança". Na ocasião, ele mostrou o resultado do tratamento a que foi submetido Fabrício, um rapaz de Paulo Afonso (BA). O "menino adulto", como o programa o chama, cresceu 24 centímetros após três anos de atendimento médico. Foi a quarta vez, desde 2015, que o "Domingo Show" explorou o caso dele.

Agora em maio, Fabrício voltou a aparecer no programa, mas como coadjuvante da história do cearense Thiago, outro "adulto com corpo de criança". Foram mais de três horas de programa para, ao final, um diagnóstico médico informar que o rapaz tem uma insuficiência hormonal possivelmente causada por atrofia da hipófise.

Thiago vai ser premiado com tratamento médico e ganhou, de um patrocinador, um curso universitário e R$ 15 mil.

A audiência não reagiu muito bem à exploração do assunto. Segundo dados prévios do Ibope, em São Paulo, o programa exibido entre 12h36 e 15h47 registrou média de 4,4 pontos, ficando em terceiro lugar, atrás da Globo (11,1) e SBT (6,7), e à frente da Band (1,1) e da RedeTV! (0,7).

A Record aparentemente está satisfeita. A emissora anunciou que, a partir de junho, o "Domingo Show" voltará a ter quatro horas de duração, ao vivo e com plateia.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.