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Irmão de suspeito diz que Bacci tem que “voltar pra escolinha de repórter”

Mauricio Stycer

14/06/2019 00h06

O irmão de Paulo Cupertino, Joel, criticou a conduta de Luiz Bacci no caso

A cobertura da morte do ator Rafael Miguel e de seus pais é, desde segunda-feira (10), o assunto principal, quando não o único, do "Cidade Alerta". No comando do policial, Luiz Bacci tem se superado diariamente em matéria de sensacionalismo, o que tem revertido em altos índices de audiência para o programa da Record.

Tratei do assunto na segunda-feira, ao ver o apresentador se colocar praticamente como um parente de Isabela Tibcherani, a namorada de Rafael. "Eu preciso que o Brasil acolha, abrace essa menina", disse Bacci, forçando uma proximidade artificial com a jovem.

Nesta quinta-feira (13), Bacci estava eufórico porque foi ofendido pelo irmão e pelo filho de Paulo Cupertino, o homem apontado pelo polícia como autor do crime. "Ele vai ter que se retratar em muita coisa e voltar pra escolinha de repórter", disse Joel, o irmão. "Esse xarope… Ele é tão covarde quanto o irmão", respondeu o apresentador.

Exagerando no suspense, quase como um João Kleber do mundo-cão policial, Bacci se justificou: "A Record me dá oito horas de programa, vocês querem soltar tudo de uma vez só. E eu fico fazendo o que até o fim?"

Já o filho de Cupertino, chamado por Bacci de "filho do assassino", disse a uma repórter do "Cidade Alerta". "Vocês estão espalhando notícia falsa. Vocês são mercenários. Ele não é traficante, não é ladrão, não é pedófilo". Orgulhoso, o apresentador disse: "Preparem o seu coração para fortes emoções porque ele vai acabar comigo". E o garoto disse: "Abutres. Aquele Bacci é um canalha".

Paulo Cupertino é apontado pela polícia como o autor do triplo crime. Mas está foragido. Tecnicamente, não foi ainda nem formalmente acusado pelo crime. Muito menos julgado e condenado. Logo, é um erro, como Bacci tem feito, chamá-lo de assassino. Neste aspecto, concordo com o irmão do suspeito. O apresentador perdeu alguma aula na faculdade de jornalismo.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.