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Com piadas, Silvio Santos atenua bajulação e “desarma” filhos de Bolsonaro

Mauricio Stycer

15/07/2019 12h38

Os irmãos Flavio (esq.) e Eduardo Bolsonaro participaram do quadro "Jogo das 3 Pistas" com Silvio Santos

A participação dos irmãos Flavio e Eduardo Bolsonaro no "Jogo das 3 Pistas" no "Programa Silvio Santos" deste domingo (14) chamou a atenção pelas dificuldades que enfrentaram com várias das charadas propostas.

Ao longo dos 30 minutos de exibição do quadro, Silvio riu inúmeras vezes dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, dizendo que eram "fracos de política" e que, diante dos erros que estavam cometendo no jogo, perderiam a disputa para o auditório.

Os irmãos não souberam responder, por exemplo, quem foi o presidente que nasceu no Mato Grosso do Sul, proibiu o biquíni e renunciou ao cargo. Somente após alguém soprar, Flavio se lembrou de Jânio Quadros.

Também não conseguiram adivinhar enigmas que envolviam o ex-presidente João Goulart ("esposa bonita", "nasceu em São Borja"), e os ex-deputados Barreto Pinto (cassado por ser fotografado vestido de smoking e cuecas) e Tenório Cavalcanti (conhecido por portar uma metralhadora que apelidou de "Lurdinha").

Mesmo uma charada que envolvia o presidente Bolsonaro ficou sem solução, levando Silvio Santos a dizer que os irmãos seriam "reprovados em política" e que o pai iria "bater" neles. Rindo, sempre, o apresentador também disse que o deputado Eduardo e o senador Flavio iriam ser "gozados pelos colegas" no Congresso por causa do mau desempenho no programa.

Ainda assim, creio que o resultado do programa foi positivo tanto para os filhos do presidente quanto para o apresentador.

A forma como Silvio Santos trata a todos os seus convidados ajuda a torná-los mais humanos, mesmo que isso os obrigue a passar por alguns constrangimentos.

No início de julho, após a gravação do quadro, Eduardo Bolsonaro divulgou uma imagem que aparentemente o mostrava com uma arma na cintura. Não se sabe se gravou o quadro assim. Mas quem assistiu ao programa viu como Silvio "desarmou" o deputado com as suas piadas.

Assim que o primeiro filho de Bolsonaro apareceu no palco, Silvio provocou as suas colegas de auditório, perguntando quem era o convidado. "É galã? É artista?" É seu o jeito, inimitável, de se colocar no mesmo plano do público e de aproximar os convidados famosos do espectador.

Não é possível esquecer, também, que Silvio, com o convite aos irmãos, quis fazer mais um aceno simpático ao governo do pai deles. Mas o jeitão do apresentador ajuda a atenuar toda a bajulação envolvida na situação.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.