Telejornais da Globo omitem casos de intolerância contra Greenwald e Miriam
Nos últimos cinco dias, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro provocaram barulho em manifestações públicas contra a participação em eventos literários de dois jornalistas, Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, e Miriam Leitão, da Globo. Ambos os casos foram noticiados por jornais e sites, mas não despertaram maior interesse da Globo nem de suas principais concorrentes na televisão.
No início da noite de sexta-feira (12), em Parati, algumas dezenas de manifestantes protestaram contra a participação de Greenwald em um evento paralelo da Flip. O grupo cantou o hino nacional e soltou fogos de artifício para criticar e, eventualmente, atrapalhar o debate programado com o jornalista.
Pelo inusitado da situação, um protesto numa festa literária, o caso foi bastante noticiado. Não chegou, porém, ao "Jornal Nacional", que sempre dá atenção à Flip – nem na edição de sexta nem na de sábado. Da mesma forma, o assunto foi ignorado no "Jornal Hoje".
O telejornal vespertino até fez uma alusão, indireta, ao caso. O repórter Danilo Vieira disse: "A gente pode dizer, de uma forma muito resumida, que a Flip discute política, discute história, literatura, arte… A Flip é um bom lugar pra discutir sobre tudo. Na boa. Começou na quarta-feira, termina amanhã. Então, a gente ainda tem mais um bocadinho de feira pela frente pra aproveitar…"
Já nesta terça-feira (16), de tarde, a 13ª Feira do Livro de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, tornou público o cancelamento do convite a Miriam Leitão. A jornalista iria participar de um debate no evento junto com o sociólogo Sergio Abranches.
"Por seu viés ideológico e posicionamento, a população jaraguaense repudia sua presença, requerendo, assim que a mesma não se faça presente em evento tão importante em nossa cidade", diz o manifesto que justificou o cancelamento, trazendo cerca de 3 mil assinaturas.
"Como escritor, tenho vergonha de falar para a Miriam Leitão que não posso trazê-la porque não tenho como garantir sua segurança", justificou Carlos Schroeder, coordenador artístico do evento.
Assim como não falaram do protesto contra Greenwald, nem o "Jornal Nacional" nem o "Jornal da Globo" nesta terça fizeram qualquer menção a este novo ato de intolerância política que afetou a colunista de economia da própria emissora.
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