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Telejornais da Globo omitem casos de intolerância contra Greenwald e Miriam

Mauricio Stycer

17/07/2019 01h00

Nos últimos cinco dias, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro provocaram barulho em manifestações públicas contra a participação em eventos literários de dois jornalistas, Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, e Miriam Leitão, da Globo. Ambos os casos foram noticiados por jornais e sites, mas não despertaram maior interesse da Globo nem de suas principais concorrentes na televisão.

No início da noite de sexta-feira (12), em Parati, algumas dezenas de manifestantes protestaram contra a participação de Greenwald em um evento paralelo da Flip. O grupo cantou o hino nacional e soltou fogos de artifício para criticar e, eventualmente, atrapalhar o debate programado com o jornalista.

Pelo inusitado da situação, um protesto numa festa literária, o caso foi bastante noticiado. Não chegou, porém, ao "Jornal Nacional", que sempre dá atenção à Flip – nem na edição de sexta nem na de sábado. Da mesma forma, o assunto foi ignorado no "Jornal Hoje".

O telejornal vespertino até fez uma alusão, indireta, ao caso. O repórter Danilo Vieira disse: "A gente pode dizer, de uma forma muito resumida, que a Flip discute política, discute história, literatura, arte… A Flip é um bom lugar pra discutir sobre tudo. Na boa. Começou na quarta-feira, termina amanhã. Então, a gente ainda tem mais um bocadinho de feira pela frente pra aproveitar…"

Já nesta terça-feira (16), de tarde, a 13ª Feira do Livro de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, tornou público o cancelamento do convite a Miriam Leitão. A jornalista iria participar de um debate no evento junto com o sociólogo Sergio Abranches.

"Por seu viés ideológico e posicionamento, a população jaraguaense repudia sua presença, requerendo, assim que a mesma não se faça presente em evento tão importante em nossa cidade", diz o manifesto que justificou o cancelamento, trazendo cerca de 3 mil assinaturas.

"Como escritor, tenho vergonha de falar para a Miriam Leitão que não posso trazê-la porque não tenho como garantir sua segurança", justificou Carlos Schroeder, coordenador artístico do evento.

Assim como não falaram do protesto contra Greenwald, nem o "Jornal Nacional" nem o "Jornal da Globo" nesta terça fizeram qualquer menção a este novo ato de intolerância política que afetou a colunista de economia da própria emissora.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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