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Novo projeto e reforma não revertem queda na audiência do Jornal da Record

Mauricio Stycer

20/09/2019 11h08

Adriana Araújo e Celso Freitas apresentam o resultado da enquete feita na estreia do novo JR em 9/9

Depois de um primeiro quadrimestre razoável, com médias entre 8 e 9 pontos, o "Jornal da Record" começou a perder audiência em maio e não parou mais de cair. Nem mesmo a profunda reforma realizada neste início de setembro conteve a fuga de público.

Dados do Kantar Ibope referentes a São Paulo, o principal mercado do país, mostram que o principal telejornal da Record teve um início de ano razoável com médias de 8,3 e 8,7 pontos em janeiro e fevereiro, alcançou o seu pico em março, com 9,2 e retornou para 8,1 em abril.

A partir daí começa uma queda que chama a atenção. Em maio e junho, a média do telejornal foi de 7 pontos, em julho caiu para 6,6 e em agosto despencou para 5,6. Fato raro, nas duas últimas semanas de agosto o JR não aparece nem entre os dez programas mais assistidos da emissora.

No dia 10 de setembro estreou o projeto multiplataforma e o cenário novo, mas a média dos primeiros 18 dias do mês está em 5,4 pontos. Entre março (média de 9,2) e setembro, o JR perdeu 41% em audiência, uma queda muito significativa.

Uma combinação de fatos ajuda a explicar este resultado. Em 23 de abril, estreou a novela "Jezabel", que antecedia o "Jornal da Record" e cujo resultado em matéria de Ibope não foi bom. Com o fim desta trama bíblica em agosto, a emissora começou a reprisar "O Rico e Lázaro". E em 20 de maio a Globo estreou "A Dona do Pedaço", que elevou a média de audiência da emissora carioca na faixa horária – a mesma do "Jornal da Record.

Ainda que seja tentador, não me parece possível estabelecer uma relação direta entre as oscilações de audiência, para cima ou para baixo, e a linha editorial do telejornal ou a posição política da cúpula da emissora. O apoio de Edir Macedo a Jair Bolsonaro e ao seu governo ocorre sem alterações desde o final do ano passado, sem que isso tenha provocado oscilações no Ibope do JR.

O "Jornal da Record" ocupa seguidamente o terceiro lugar em sua faixa horária desde 14 de março deste ano. Tem perdido para a Globo (com novela) e o SBT (com novela e Ratinho).

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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