“Sob Pressão da educação” mostra a realidade do ensino noturno para adultos
Apelidada internamente de "Sob Pressão da educação", a série que a Globo estreia nesta terça-feira (08) conta a história de um grupo de professores e alunos de uma escola estadual noturna na periferia de São Paulo. Sem medo de parecer militante, "Segunda Chamada" busca sensibilizar o espectador para uma realidade duríssima.
A escola da série se chama Carolina Maria de Jesus (1914-1977), em homenagem à catadora de papel, negra e favelada, que escreveu o célebre livro "Quarto de Despejo". O seu nome funciona como um farol, lembra uma professora em cena: "Imagina se ela tivesse desistido diante das dificuldades".
Como os médicos de "Sob Pressão", os professores de "Segunda Chamada" vivem situações extremas no ambiente de trabalho e, em paralelo, também enfrentam dramas pessoais.
Assisti ao episódio de estreia, que é de partir o coração. Ao longo de 40 minutos, emenda um drama atrás do outro, sem dar tempo ao espectador de respirar. Um soco no estômago. Vou tentar evitar os spoilers, mas um ou outro vão escapar.
A protagonista é Lúcia (Debora Bloch), uma professora com coração de mãe ("Dar aula é mais que ensinar", diz). Mal começa a história, ela tenta convencer um rapaz que está se oferecendo na rua como garoto de programa a não perder a aula. E Lucia/Debora não para mais de emocionar. Comovente em todas as cenas.
Ao redor dela, gravita um time guerreiro de professores, formado por excelentes atores, todos muito bem neste primeiro episódio: Paulo Gorgulho (Jaci), Thalita Carauta (Eliete), Hermila Guedes (Sonia) e Silvio Guindane (Marco André).
Para se ter uma ideia dos problemas enfrentados pelos estudantes adultos que frequentam uma escola pública noturna, cito três das dezenas de situações apresentadas no episódio de estreia.
Uma aluna, Solange (Carol Duarte), rouba leite na cantina para alimentar o seu bebê de colo. Outro, o motoboy Maicon (Felipe Simas), passa mal após tomar um remédio para se manter acordado em sala de aula. Já Natasha (Linn da Quebrada), transexual, é agredida no banheiro masculino e rejeitada no feminino.
No esforço de reforçar o realismo, a diretora Joana Jabace fugiu dos estúdios e procurou uma locação. Encontrou a Escola do Jockey Club de São Paulo, que abrigou o Colégio Equipe no passado, e hoje está caindo aos pedaços. "Flertei bastante com o docudrama, com um realismo muito forte", diz ela.
As autoras, Carla Faour e Julia Spadaccini, com bastante experiência em teatro e colaboração nos roteiros de "Tapas & Beijos" e "Chacrinha", na Globo, realizaram uma ampla pesquisa para escrever "Segunda Chamada". Fizeram muitas visitas a escolas públicas do ensino noturno e conversaram com professores e alunos.
A vontade de impactar o espectador passa um pouco da conta neste primeiro episódio. É difícil digerir tantas histórias dramáticas exibidas em tão pouco tempo. Ainda assim, creio que a importância do tema e o capricho da produção justificam a atenção do espectador. "Segunda Chamada" tem tudo para ser uma série essencial.
Abaixo, um vídeo de apresentação da Globo que dá uma boa ideia do programa:
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