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Especial 60 Anos de Telenovela - Os Heróis

Nilson Xavier

19/12/2011 07h00

Cresci em frente à TV. Na extinta Tupi, acompanhei a minha primeira novela inteira: Éramos Seis, em 1977. De lá para cá, vi muita novela e me especializei nas curiosidades que envolvem a sua História. Há mais de dez anos, lancei o site Teledramaturgia, numa época em que não existiam blogs ou sites de novelas. Ele começou despretensioso e tomou uma proporção que não imaginava que teria. Ser reconhecido como uma das melhores fontes de pesquisa sobre o assunto na internet é um orgulho e um incentivo para continuar atualizando-o a cada novela que surge. Sem este reconhecimento, imagino que não conseguiria ter publicado o Almanaque da Telenovela Brasileira (Panda Books).

O recente casamento entre televisão e redes sociais faz pipocar na internet opiniões e críticas das mais variadas, com ou sem embasamento ou conhecimento, imparciais ou apaixonadas. Todos ávidos por expressar desejos, satisfação ou descontentamento. Logo veio a ideia de escrever diariamente sobre o que rola nas novelas, com senso crítico e uma pontinha de deboche. Primeiro no twitter, depois através de um blog no Teledramaturgia, e agora no UOL.

E minha estreia no UOL não poderia ser mais auspiciosa: na semana em que a telenovela completa 60 anos de existência! Juntamente com o UOL Televisão, preparamos um especial para esta semana, onde um tema diferente é abordado a cada dia, seguido de um quiz para você testar seus conhecimentos, e uma entrevista especial. Vamos lembrar fatos e curiosidades que marcaram a nossa TV e o público. 😉

Tarcísio Meira e Glória Menezes em Irmãos Coragem

Nossa teledramaturgia já apresentou heróis de todos os tipos. Desde a figura clássica – o bravo e destemido, perfeito de caráter e sempre pronto a salvar a mocinha das garras do vilão – ao "super herói" – aquele mesmo, de histórias em quadrinhos, que também deram o ar da graça em nossas novelas.

Até a década de sessenta, os heróis ainda estavam calcados no modelo clássico. Com Beto Rockfeller, novela produzida pela Tupi entre 1968 e 1969, surgiu a figura do anti-herói. Mais humano e, portanto, passível de erros, este novo modelo de protagonista é o que até hoje provoca maior identificação com o público.

Janete Clair foi a autora que melhor traduziu o anti-herói em sua obra. Cristiano Vilhena já quis matar a mulher pobre para ficar com outra, rica (Selva de Pedra, 1972). Carlão titubeou, mas acabou se rendendo ao dinheiro encontrado em seu táxi (Pecado Capital, 1975/1976). Herculano Quintanilha não pensou duas vezes para usar sua influência em benefício próprio (O Astro, 1977/1978).

De todos os autores, Benedito Ruy Barbosa e Lauro César Muniz talvez sejam os que melhor escreveram – não heróis, mas – personagens heróicos não maniqueístas. Talvez esta seja a definição que melhor cabe ao herói na telenovela moderna.

Mas, ainda quando se fala em herói de novela, logo remetemos à figura daquele que tinha a coragem até no nome: João Coragem (Irmãos Coragem, 1970/1971).

Teste seus conhecimentos sobre 12 heróis que marcaram nossas novelas.

Entrevista especial: Regina Duarte diz que novela aliena tanto quanto twitter e religião.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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