Topo

Especial 60 Anos de Telenovelas - Os crimes que abalaram as novelas e a opinião pública

Nilson Xavier

23/12/2011 06h00

Se um crime real já abala a opinião pública e mexe com o brio das pessoas, imagina se vier embalado pelas emoções de uma novela! Nestes 60 anos de teledramaturgia, conhecemos os mais sórdidos assassinos, capazes dos atos mais baixos para atingir seus objetivos. A criatividade do novelista brasileiro mostrou ser ilimitada na hora de criar um crime de ficção.

Janete Clair foi uma das primeiras a usar o "quem matou?". E não foi intencional. Ela precisava se livrar do personagem de Geraldo Del Rey na novela Véu de Noiva, em 1969. Criou então o mistério acerca do assassinato de Luciano, jogando pistas para o telespectador montar o quebra-cabeça. A identidade do assassino foi revelada apenas no final. Começou então uma longa história de assassinatos em nossos folhetins.

Dionísio Azevedo em O Astro

O auge se deu no dia 8 de julho de 1978, quando o Brasil parou – literalmente – para descobrir quem era o assassino de Salomão Hayalla (Dionísio Azevedo), em O Astro, também de Janete Clair. Ruas vazias. Festas interrompidas. Solenidades, shows, cinemas e espetáculos de teatro adiados para depois da novela. Ninguém ficou imune ao misterioso crime. A revelação do assassino frustrou o público: era o suspeito mais óbvio, Felipe (Edwin Luisi), ex-amante de Clô (Tereza Rachel), a mulher da vítima. Em 2011, a Globo levou ao ar uma nova versão da novela, e desta vez o resultado foi outro: entre os três responsáveis pelo crime, Clô (Regina Duarte) foi quem deu o empurrãozinho fatal no marido.

Beatriz Segall em Vale Tudo

No finalzinho de 1988, mais uma comoção coletiva: a megera Odete Roitman (Beatriz Segall) foi morta com três tiros à queima-roupa, em Vale Tudo, de Gilberto Braga. O mistério durou apenas 13 dias, mas mobilizou a população brasileira. Apostas pelo país afora especulavam quem seria o responsável pelo crime. No último capítulo, revelou-se que Leila (Cássia Kiss) atirara na vítima pensando que fosse Fátima (Glória Pires) quem estivesse no apartamento com seu marido, Marco Aurélio (Reginaldo Faria).

A maior prova da aceitação de uma trama policial é quando ela suplanta a trama romântica da novela. O Rebú (1974/1975) inovou ao apresentar um crime ocorrido durante uma festa, onde a indagação não era somente o "quem matou?", mas também o "quem morreu?". Em A Próxima Vítima (1995), o barato era tentar saber quem seria a próxima vítima do serial killer da novela. Crimes foram ocorrendo ao longo da trama e, ao final, revelou-se a identidade do assassino.

Cláudia Ohana em A Próxima Vitima

Quem não gosta de bancar o detetive? Hoje, o "quem matou?" pode até estar banalizado – virou um recurso recorrente nas novelas, que o autor usa para chamar a atenção do público. Mas ainda tem o seu charme. E não há dúvidas de que desperta a curiosidade do telespectador e aumenta a audiência.

Teste seus conhecimentos sobre 12 asssassinatos que marcaram a nossa TV!

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

Blog do Nilson Xavier