Personagens de A VIDA DA GENTE se justificam com o público através de seus amigos confidentes
É assim desde o início de A Vida da Gente: os personagens brigam, se aborrecem, sofrem e vão chorar as suas mágoas com seus amigos e confidentes. Rodrigo com Lourenço, Rodrigo com Nanda, Ana com Alice, Manu com Alice, Lúcio com Celina, Dora com Celina, Celina com Dora, Laudelino com Wilson, etc. Explicam o que estão sentindo, as suas razões, e ouvem do amigo algum conselho. Este é um recurso fartamente usado pela autora Lícia Manzo, existente em praticamente todos os capítulos da novela.
Os personagens confidentes são chamados no jargão novelístico de personagens-orelha, ou seja, aqueles para quem o interlocutor vai explicar as razões de seus atos, ou o que está sentindo. Na verdade, funciona como se o personagem estivesse falando com a câmera e dialogando ou se explicando com o público. Ou simplesmente pensando alto.
No caso de A Vida da Gente, é mais do que isso. O confidente, o personagem-orelha, não apenas ouve ou concorda, mas aconselha, sugere como o outro deve agir ou se sentir. É o papel do Grilo Falante da história de Pinóquio. Mais do que um reflexo da consciência do outro, é o senso crítico, ou senso comum, sendo apresentado pela autora da novela. É como se ela quisesse passar a sua mensagem para o público através do personagem-orelha. Ou como se estivesse querendo chamar o público à reflexão.
Por mais pesados que sejam os dramas que os personagens levam aos seus confidentes, a réplica será sempre de um consenso geral, que pode não trazer uma solução para o problema, mas leva o personagem – e o telespectador – à reflexão, de seus atos ou dos acontecimentos.
A Vida da Gente não é uma novela em que o espectador permanece passivo. Ela precisa ser digerida, analisada. Os personagens não agem à baila de impulsos gratuitos. Por ser uma trama psicológica – cujos personagens agem e mexem com as emoções, ou são guiados por elas -, a novela desperta no público o julgamento e a análise dos atos dos personagens. A autora usa o confidente com o intuito de guiar o telespectador no esforço para que esses julgamentos não sejam unilaterais, mas imparciais.
Só acho pouco coerente fazer de Alice (Stephany Brito) a personagem-orelha de Ana (Fernanda Vasconcellos), uma vez que Alice não tem uma boa estrutura emocional para aconselhar alguém com dramas tão pesados como os de Ana. Vide o desejo de Alice de forçar uma situação com o pai biológico e o pai de criação juntando-os no mesmo local de trabalho e achando que dali vai nascer uma grande amizade.
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