"Fina Estampa" segue surreal e caricata
Definitivamente Fina Estampa não é uma novela para ser levada a sério. Como já mencionei, esta é uma surreal obra de ficção, onde tudo pode acontecer, sem lógica ou razão, ao gosto e criatividade de seu autor. Não existe verossimilhança ou qualquer compromisso com a realidade.
No capítulo de quarta-feira (11/01/2012) vimos Tereza Cristina (Christiane Torloni) afirmar – sobre o atentado contra Amália (Sophie Charlotte) – que, "assim como uma novela, é disso que o povo gosta!" Clara alusão de Aguinaldo Silva ao sucesso e à ótima audiência que Fina Estampa tem. Só mesmo uma novela bem escrita, com alguns bons atores e personagens, e que leva o nonsense às últimas consequências, poderia justificar tamanha repercussão. O povo gosta!
Tereza Cristina é uma vilã de desenho animado e tem em Christiane Torloni uma intérprete à altura, que leva a personagem num tom de caricatura totalmente cabível na proposta da trama. Fina Estampa é uma novela popular e caricata.
Na sequência do capítulo, a vilã-mor conversa sobre o seu plano diretamente com a câmera, dialogando com os telespectadores, numa intimidade e cumplicidade que o autor já tem com seu público. Tereza Cristina é a porta-voz de Aguinaldo. Por um momento pensei que ela fosse concluir sua frase com um sonoro FOM FOM – como o novelista costuma usar no Twitter.
Amália sofre um acidente – à primeira vista terrível – por causa de uma cobra dentro de seu carro. Como se não bastasse sair ilesa do sinistro, ainda descobre-se que ela está grávida. Ou seja, Tereza Cristina não tem sorte: quis matar a filha de sua inimiga bigoduda (Griselda de Lília Cabral) e o tiro – ou a cobra – saiu pela culatra – fez surgir mais um bigodudinho.
A novela está em sua reta final e segue seu curso tresloucado divertindo milhões de telespectadores todas as noites, com uma boa audiência. Bom para o público, entretido, melhor para a Globo e para o autor.
Resta saber se vai haver espaço para a proposta com a qual Aguinaldo vendeu Fina Estampa antes de sua estreia: a discussão sobre o ser e o parecer, a partir do momento em que Griselda ficasse rica – o que justificaria o título da novela. Se já teve, o público não percebeu. Fico me perguntando se uma novela tão caricata ainda tem espaço para este tipo de abordagem. Ou se o autor já se dá por satisfeito com a repercussão que ela tem. Até lá, dá-lhe surrealismo e FOM FOM.
Link de Fina Estampa no site Teledramaturgia
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