Topo

“Aquele Beijo”: Maruschka deixa de ser vilã mas não perde a graça

Nilson Xavier

06/04/2012 12h03

Qual o melhor fim para um vilão de novela? A morte? A cadeia? A loucura? A impunidade? A regeneração?

Em Aquele Beijo, a vilã Maruschka Lemos de Sá – pérfida e arrogante, mas espirituosa e engraçada – teve o desfecho, digamos, mais fácil, dramaturgicamente falando: uma repentina regeneração. Do nada, depois de perder sua loja de luxo, a Comprare, Maruschka assumiu a sua condição de pobre e tornou-se, de uma hora para outra, Dona Maria – como ela pede para ser chamada agora – uma pessoa agradável, simpática e até boa, contradizendo todo o seu discurso anterior e a posição de maléfica-mor da trama.

Por mais que novela seja ficção, mudar o perfil de um vilão, transformando-o em bom de uma hora para outra, é sempre um entrecho desanimador, um banho de água fria, principalmente quando o vilão é bom. A não ser que Miguel Falabella tenha uma boa carta na manga para Maruschka nessa reta final da novela, e tudo não passe de uma encenação da personagem.

Mas Maruschka não deixou de ser engraçada. Miguel Falabella aproveita bem a verve cômica de Marília Pêra, que faz a personagem render ótimas cenas, mesmo boa e regenerada. E só por isso, a repentina mudança de perfil de Maruschka é perdoável.

Em tempo: este entrecho lembra uma antiga personagem de sucesso de Marília Pêra: Rafaela Alvaray, de Brega e Chique – novela de Cassiano Gabus Mendes, de 1987 -, uma socialite afetada que, falida, é obrigada a se mudar para uma vila e tem que se acostumar com sua nova condição de pobre. A única diferença com Maruschka é que Rafaela não era vilã.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

Blog do Nilson Xavier