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Trilha de “Gabriela” traz músicas da versão original e aumenta a sensação de "déjà vu"

Nilson Xavier

06/07/2012 06h30

A novela Gabriela é uma produção de encher os olhos, bonita esteticamente falando, com direção de arte, figurinos e cenários deslumbrantes às vezes. Vide o Bataclan, suas meninas e shows à la Moulin Rouge. O ritmo é bom – não é uma trama lenta, tampouco ágil demais.

Mas existe uma sensação de déjà vu no ar. De "já vi isso antes". Assisti à Gabriela original – a de 1975, com Sônia Braga – em 1989, numa reprise à tarde. É sabido que esta novela foi um marco em nossa teledramaturgia. Portanto, comparações são inevitáveis. Deixemos de lado a performance do elenco e se Juliana Paes está bem ou não no papel que era de Sônia Braga.

A história é a mesma, com os mesmos tipos de personagens, afinal a fonte inspiradora é o mesmo romance de Jorge Amado. A ambientação também é a mesma – com exceção dos cenários atuais, bem mais elaborados – como a casa de Ramiro Bastos ou o próprio Bataclan. Desconsideremos um ou outro núcleo que não existia nos anos 70 – com o de Lindinalva (Giovanna Lancellotti). A Ilhéus da década de 1920 é a mesmíssima, com o mesmo clima.

Hoje, além da mesma história com os mesmos personagens, a sensação de déjà vu é intensificada pela trilha sonora, que repete as músicas emblemáticas feitas especialmente para a novela dos anos 70 e que ainda permanecem no imaginário popular. Fosse uma trilha totalmente nova, talvez Gabriela 2012 surtisse um outro efeito no ar. A novela atual mostra a força e a importância da trilha sonora para uma obra dramatúrgica.

A trilha desta nova Gabriela traz nove canções do disco original. Além do tema de abertura, Modinha para Gabriela – de Dorival Caymmi, cantada por Gal Costa – , tem:
Filho da Bahia – de Walter Queiroz, primeiro sucesso da carreira de Fafá de Belém;
Alegre Menina – música de Jorge Amado e Dorival Caymmi, na voz de outro então iniciante: Djavan;
Coração Ateu – com Maria Bethânia;
Caravana – de Geraldo Azevedo e Alceu Valença, interpretada por Geraldo Azevedo;
São Jorge dos Ilhéus – de Alceu Valença;
Guitarra Baiana – de Moraes Moreira;
Retirada – de Elomar;
Porto – de Dori Caymmi, com o MPB4.

As demais músicas da trilha são:
Tema de Amor de Gabriela – de Tom Jobim, com ele e Banda Nova;
Você Não Me Ensinou a Te Esquecer – de Fernando Mendes, cantada por Caetano Veloso;
Morena – com Mu Chebabi;
Lamento Sertanejo – de Gilberto Gil e Dominguinhos, interpretada por Elba Ramalho e Dominguinhos;
Flor da Noite – de Celso Fonseca e Ronaldo Bastos, interpretada por eles e Nana Caymmi;
Depois Cura – com Mart´nália;
Aura de Glória – com João Bosco e Aldir Blanc, cantada por João Bosco.

Conheça AQUI a trilha da Gabriela 1975.

Observação: este não é um texto crítico, mas um texto informativo. Não estou criticando a trilha sonora da novela. Pelo contrário, gosto muito deste "déjà vu"!

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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