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“Cheias de Charme” repete trama de “Fina Estampa”

Nilson Xavier

17/07/2012 06h30

Os emergentes estão mesmo na moda. Pelo menos nas novelas. Tem a família de Tufão (Murilo Benício) em Avenida Brasil, e agora as Empreguetes em Cheias de Charme. Houve uma passagem de tempo na novela das sete e o grupo musical formado pelas ex-domésticas Penha, Rosário e Cida (Taís Araújo, Leandra Leal e Isabelle Drummond) se transformou num sucesso nacional.

Todas melhoraram de vida e estão devidamente repaginadas. O capítulo de segunda-feira (16/07) mostrou Cida levando a madrinha (Dhu Moraes) para jantar num restaurante chique. Penha comprou um carro e está de casa nova, maior, bem equipada. E Rosário vai comprar um apartamento alto padrão no mesmo condomínio de luxo onde um dia trabalhou como cozinheira na casa de Chayene (Cláudia Abreu), a inimiga das Empreguetes. Também Cida vai morar no condomínio, onde moram seus ex-patrões, a família Sarmento – agora em derrocada financeira.

É a história se repetindo. Na recente Fina Estampa, a protagonista pobre e humilde – Griselda de Lília Cabral – vivia em pé de guerra com a ricaça arrogante – Tereza Cristina de Christiane Torloni. Após ganhar na loteria, Griselda comprou uma mansão bem em frente à mansão de Teresa Cristina, para quem um dia prestou serviços domésticos como "marida de aluguel".

Em tempo: personagens emergentes são recorrentes em novelas, independente da economia do país ou público alvo das tramas. O Cafona (1971) contava a história de um comerciante de subúrbio – vivido por Francisco Cuoco – que enriqueceu com seu negócio se tornando presidente de uma rede de supermercados. Mas seu sonho era entrar para a alta roda, mesmo sem ter nenhum traquejo social. Daí o título da novela.

Em Os Ossos do Barão (1973-1974), um imigrante italiano (Lima Duarte), que enriquecera com o trabalho, quer comprar a cripta mortuária do barão do café para quem trabalhou quando era criança, e cuja família quatrocentona estava falida e disposta a vender inclusive seu título de nobreza.

Em Rainha da Sucata (1990), uma mulher (Regina Duarte) – cuja família de origem humilde enriquecera a partir de um ferro-velho – era apaixonada e queria se casar com um rapaz (Tony Ramos) de família quatrocentona, mas falida. Ele não a amava, mas aceitou o casamento para tirar a família do vermelho.

Ainda: Foguinho (Lázaro Ramos) em Cobras e Lagartos (2006), que ganhou dinheiro com uma herança; a família de Meg Trajano (Françoise Forton) em Por Amor (1997-1998), representante dos emergentes cariocas da Barra da Tijuca; os personagens de Vidas em Jogo (2011-2012), que enriqueceram com um prêmio da loteria; e outros.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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