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Perto do fim, “Amor Eterno Amor” começa a dar sinais de agilidade na trama

Nilson Xavier

10/08/2012 11h24

Faltando pouco menos de um mês para seu término, Amor Eterno Amor – o folhetim das seis da Globo – começa a dar sinais de alguma agilidade para fechar suas histórias. Agilidade esta que faltou ao longo de seus cinco meses de apresentação.

A trama de Elizabeh Jhin arrastou-se por esse tempo todo sem se preocupar com grandes viradas ou ganchos bombásticos. A história resumiu-se à procura de Rodrigo (Gabriel Braga Nunes) por sua amada de infância, Elisa, que acabou arremessada em sua vida por uma armação da vilã Melissa (Cássia Kis Magro) – ela providenciou uma falsa Elisa (Mayana Neiva) para engabelar o rapaz. E, no final das contas, Elisa esteve sempre ao seu lado: era a mocinha Míriam (Letícia Persiles), reencarnação da menina da infância de Rodrigo – que na verdade era o espírito de uma criança que lhe fazia companhia.

Espiritualismo demais e folhetim de menos

A autora já tentara a fórmula "trama folhetinesca + espiritualismo" em sua novela anterior, Escrito nas Estrelas, de 2010. Desta vez, Jhin inverteu a ordem: Amor Eterno Amor foi uma trama espiritual por excelência, em que o folhetim acabou ficando em segundo plano.  Talvez aí a explicação para a maior repercussão de Escrito nas Estrelas quando comparada com Amor Eterno Amor.

Desta vez, a autora foi mais longe no espiritualismo: impôs uma doutrina em detrimento à história romântica – e, consequentemente, acabou por cair no didatismo. Ivani Ribeiro, em sua A Viagem (Tupi, 1975-1976 / Globo, 1994) – um marco espiritualista da nossa teledramaturgia – teve a cautela de primeiro fisgar o público pela história folhetinesca para, aos poucos, inserir a doutrina kardecista na trama.

Elizabeth Jhin soube fazer isso muito bem em Escrito nas Estrelas, mas pecou ao inverter a ordem dos fatores em Amor Eterno Amor – que só não naufragou no marasmo por conta da ótima produção e direção e do talento de alguns atores do elenco, como Cássia Kis Magro e Osmar Prado.

Impor uma doutrina espiritualista afugenta quem não está muito disposto a ser doutrinado. A não ser quando o bônus é uma história realmente cativante.

Saiba mais sobre Amor Eterno Amor no site Teledramaturgia.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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