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Record não quer errar: “Balacobaco” é popularíssima

Nilson Xavier

05/10/2012 00h52

Bárbara Borges e Roberta Gualda em "Balacobaco" (Foto: TV Record)

Quem ligou para ver a estreia de Balacobaco, a nova novela da Record, nesta quinta-feira (04/10), deve ter sentido algum estranhamento. 1: a novela estreou em uma quinta-feira. 2: parecia um capítulo do meio da história, e não um capítulo de estreia. 3: parecia uma trama das sete horas passando às onze.

Deu para perceber que a Record não quer correr o risco de errar: fez algo completamente diferente de Máscaras. Balacobaco é colorida demais, tem um humor forçado, efeitos de desenho animado no meio das cenas, personagens caricatos. Não parece uma trama condizente com o horário em que está sendo apresentada. Parece uma novela das sete. Tem um colorido kitsh em cenários exagerados, e lembra Bela, a Feia, da mesma autora, Gisele Joras.

Poucos núcleos e personagens foram apresentados. E também muito pouco da história. Ficou claro apenas que as trambiqueiras Diva e Dóris (Bárbara Borges e Roberta Gualda), no passado, tentaram roubar o carro de Isabel (Juliana Silveira), que acabou capotando, e as ladras foram presas e cumpriram pena. A mãe delas, Cremilda (Solange Couto), é uma cambalacheira que está tentando enganar Norberto (Bruno Ferrari), que namora Diva. Aliás, as cenas de Cremilda aplicando golpes lembraram a novela Cambalacho (Globo, 1986).

Ou seja, este pareceu um capítulo solto, lá do meio da história. Não disse a que veio e o apresentado foi muito pouco para despertar alguma curiosidade no telespectador pelo capítulo seguinte.

A trilha sonora é popularíssima. Impossível não se lembrar da trilha de Avenida Brasil, da Globo. Aliás, o tema da abertura já canta "tem mulher bonita, balada boa, praia, carnaval e dinheiro pra gastar". A família de Tufão ia curtir.

Balacobaco ficou em terceiro lugar no Ibope em seu primeiro capítulo: 8 pontos de média (Globo 24.1, SBT 8.3 e Band 5) – cada ponto equivale a 60 mil domicílios na Grande São Paulo.

O tom desta estreia pode ser medido pelas cicatrizes que as cambalacheiras Diva e Dóris carregam na barriga, acima do umbigo, fruto do acidente de carro mostrado neste capítulo. Uma cicatriz forma um ponto de interrogação com o umbigo (?). Outra, um ponto de exclamação (!). E foi isso que a novela deixou para o segundo capítulo: um ponto de interrogação seguindo de um ponto de exclamação (?!) na cabeça do telespectador.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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