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"Quem matou" pode finalmente revelar o vilão de “Avenida Brasil”

Nilson Xavier

13/10/2012 19h08

O "quem matou" é um recurso existente na telenovela desde a década de 1960. Alguns ficaram clássicos, como o "quem matou Salomão Hayalla", de O Astro (1977-1978), e o "quem matou Odete Roitman", de Vale Tudo (1988-1989).

De um tempo para cá, o "quem matou" tornou-se um estratagema recorrente para autores que querem dar um "up" na trama em sua reta final e assim despertar a audiência adormecida para a sua novela. Gilberto Braga fez uso do recurso em todos seus trabalhos desde a minissérie Labirinto, de 1998 (nas novelas Força de um Desejo, Celebridade, Paraíso Tropical e Insensato Coração).

Hoje, o público geralmente associa o "quem matou" à falta de criatividade do autor ou para chamar a atenção da audiência. O telespectador mais acostumado às artimanhas rocambolescas de nossos folhetins já vê o "quem matou" com certa resistência: lá vem mais um!

Em sua reta final, Avenida Brasil fez uso de um "quem matou" que já vinha sendo anunciado há algum tempo. A bola da vez é o mau caráter Maxwell (Marcello Novaes), morto no capítulo de quinta-feira (11/10). A trama de João Emanuel Carneiro precisava de tal recurso?

Um fenômeno de repercussão e audiência, Avenida Brasil, desde o início, angariou uma legião de fãs que se acostumaram a uma novela ágil, cheia de reviravoltas e ganchos surpreendentes a cada capítulo. Logo, não acho que o "quem matou Max" foi para alavancar audiência, muito menos falta de criatividade dos roteiristas.

Faltando uma semana para acabar, Avenida Brasil não tinha mais história para contar. Nina estava vingada e Carminha, desmascarada, caiu em desgraça. Quais nós restam ser desatados neste novelo? Talvez os que envolvam os personagens do lixão: o passado que une Max a Carminha (Adriana Esteves), a Mãe Lucinda (Vera Holtz), a Nilo (José de Abreu) e a Santiago (Juca de Oliveira).

O assassinato de Max vem para elucidar e justificar o comportamento destes personagens. Existe uma história em Avenida Brasil que ainda é mistério para o telespectador – que conhece apenas a trama que começou lá atrás, com a pequena Rita (Mell Maia), e avançou para o envolvimento de Carminha com a família de Tufão (Murilo Benício) até a atualidade.

Agora o público sabe que o começo desta história toda vem de muito antes. O desfecho do crime pode finalmente revelar quem é o vilão e quem é o mocinho deste folhetim.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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