Autores de “Como Aproveitar o Fim do Mundo” se repetem enquanto “Suburbia” traz originalidade
Na última quinta-feira (01/11) a Globo estreou duas novas séries que substituem a novela Gabriela e o programa Amor e Sexo até o fim do ano, às quintas-feiras após A Grande Família: Como Aproveitar o Fim do Mundo – texto da dupla Fernanda Young e Alexandre Machado, com direção geral de José Alvarenga Jr. – e Suburbia – texto de Luiz Fernando Carvalho e Paulo Lins, com direção geral de Luiz Fernando Carvalho.
Como Aproveitar o Fim do Mundo faz uma brincadeira com o sonho de cada um de extrapolar a vida na certeza de que o mundo irá acabar – fórmula já usada na novela O Fim do Mundo, de Dias Gomes, em 1996 – aquela da música "O que você faria se só te restasse esse dia", de Paulinho Moska e Billy Brandão ("O Último Dia").
O programa de Fernanda Young e Alexandre Machado não traz nada de novo além do já apresentado pelo casal na TV. A receita é a mesma de outras séries da dupla. Como Aproveitar o Fim do Mundo tem um par aloprado (os personagens e Alinne Moraes e Danton Mello) – tal qual nas ótimas séries Os Normais e Separação?! –, uma boa dose de teoria da cons-piração – como em O Sistema -, e os trocadilhos de sempre. Até as piadas parecem as mesmas (POTAQUEPAREO!) – o que aumenta a sensação de "déjà vu isso antes". Pontos positivos: o texto continua afiadíssimo (marca registrada dos autores) e, desta vez, a direção optou por esbanjar nas externas, em cenários reais, diferente dos programas anteriores.
Suburbia é o biscoito fino da programação de fim de ano da Globo. É claro que Como Aproveitar o Fim do Mundo é completamente diferente de Suburbia, no estilo e na proposta, e não cabe comparação alguma. Mas, enquanto Como Aproveitar o Fim do Mundo soa como repetição de seus autores, Suburbia, por sua vez, apresenta algo original, tendo como base a experiência de Luiz Fernando Carvalho em trabalhos anteriores.
Em Suburbia, realismo e lirismo se misturam, com referências em Cidade de Deus (cujo livro que deu origem ao filme é de Paulo Lins), no cinema blaxploitation americano da década de 1970, na minissérie Hoje É Dia de Maria (também de Luiz Fernando Carvalho), e na trilha sonora, que transita confortavelmente entre o refinado e o popular.
Diferente de A Pedra do Reino, Capitu e Afinal, O Que Querem as Mulheres? – obras menos digeríveis de Luiz Fernando Carvalho -, Suburbia segue uma linha dramática e folhetinesca semelhante à usada em Hoje em Dia de Maria: é impossível não se encantar com a trajetória de Conceição (Débora do Nascimento (menina)/Érika Janusa) e torcer pela heroína da série. O elenco, formado na grande maioria por atores desconhecidos, é outro ponto positivo. Érika Janusa esbanja carisma e seu sorriso enche a tela.
Apenas lamenta-se o horário tardio em que Suburbia é apresentada (23h35), tendo A Grande Família e Como Aproveitar o Fim do Mundo como atrações anteriores. Suburbia merecia um horário mais nobre.
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