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Com Ibope em ascensão, “Salve Jorge” repercute na Internet

Nilson Xavier

26/03/2013 11h46

Rodrigo Lombardi e Claudia Raia em cena de "Salve Jorge" (Foto: TV Globo)

Uma semana fria em São Paulo fez bater o recorde da audiência das novelas da Globo – que passavam por um período de Ibope baixo.. Na semana passada, as três novelas inéditas da casa registraram suas melhores médias desde suas estreias – "Flor do Caribe" = 19, "Guerra dos Sexos" = 24,7 e "Salve Jorge" = 38.

"Salve Jorge", entrando em sua reta final, está em sua melhor fase: a delegada Helô (Giovanna Antonelli) arquiteta com Morena (Nanda Costa) o desbaratamento da organização criminosa liderada por Lívia Marine (Cláudia Raia).

A novela começou a "bombar" no início da semana passada, com a morte de Raquel (Ana Beatriz Nogueira) – atacada pela seringa letal de Lívia dentro de um elevador sem câmeras -, passando pelo nascimento da filha de Morena – dentro de uma caverna que tinha uma imagem de São Jorge pintada na parede – e pela paixão desenfreada de Lívia pelo pastel Théo (Rodrigo Lombardi) – que, de uma hora para outra, ficou espertalhão e enganou a fria vilã, que, de uma hora para outra, ficou trouxa.

E a novela melhora a cada capítulo, graças à performance de Giovanna Antonelli – radiante como a super delegada – e graças ao roteiro de Glória Perez, que – parece – deixou de lado a seriedade que o tema tráfico de humanos pede e partiu para um viés mais bem humorado. Não que seja proposital da autora, mas é o efeito que causa quando a novela vai ao ar – algo do tipo "mirou no drama e acertou na comédia".

Nanda Costa como Morena em "Salve Jorge" (Foto: TV Globo)

Acompanhar o desenrolar das tramas pelas mídias sociais deixa a novela ainda mais divertida. Se bem que a autora anda #xatiada (como se escreve na internet) com o "troll" (a gozação pela rede) e tem demonstrado sua insatisfação no Twitter, onde diariamente "Salve Jorge" é bombardeada com críticas e gracinhas. A hashtag #bondedosrecalcados – como autora chamou os troladores – chegou a primeiro lugar nos TTs (os assuntos mais comentados no Twitter). Ela ainda sugeriu que os críticos estão sendo pagos para trolar sua novela – como se Gloria nunca tivesse sido criticada em trabalhos anteriores (lembram de "América"?).

Além de criticar os críticos e os recalcados, Glória Perez tem se ocupado em retuitar elogios à trama (#bondedospuxasacos?) e tuitar números de ibope e textos que envolvam Janete Clair, sua madrinha na televisão. E notas sobre casos reais de tráfico – isso sim importante.

Convenhamos que tudo o que um autor quer é ver sua obra comentada, repercutida. E Glória sempre conseguiu essa façanha com suas novelas – de forma positiva, na maioria das vezes, mas também negativa, em algumas poucas ocasiões. Ela é uma autora experiente e sabe como manter sua novela na boca do povo – ainda que trolada no Twitter, onde a máxima "fala mal da novela mas não perde um capítulo" se aplica muito bem.

Pena que o "Casseta e Planeta" não esteja mais aí para eles também trolarem "Salve Jorge" (lembram de "O Siliclone", "Amerreca" e "Com a Minha nas Índias"?) – acredito que renderia esquetes hilárias envolvendo Raquel no elevador tentando melhorar o sinal do celular, as cenas de sexo cafoDIGO caliente entre Livia e PasTheo, e Morena parindo na caverna – entre outras. Não creio que Glória ficaria #xatiada de ver sua novela trolada pelos cassetas.

Sobre as audiências das novelas na semana passada, saiba mais no blog "O Cabide Fala".

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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