Cinismo em “Guerra dos Sexos”: Jorge Fernando pede para sua mãe parar de apitar na novela
Nilson Xavier
13/04/2013 15h41
Perto de seu final, a novela das sete da Globo, o remake de "Guerra dos Sexos", de Silvio de Abreu, apresentou, no capítulo de sexta-feira (12/04), uma cena inusitada, divertida e até bonitinha, que teve a participação do diretor geral da novela, Jorge Fernando (talvez vivendo ele mesmo).
Jorginho aparece rapidamente abordando sua mãe, Hilda Rebello – na vida real e na novela, já que ele a chamou de mãe. A sua participação nada mais era do que uma desculpa para um merchan: ele a presenteia com um sabonete de uma marca de cosméticos. E aproveita e pede encarecidamente para que ela pare de apitar na novela.
"Para com esse apito, mãe! Você não precisa disso!"
Ao final, ele olha sorridente para a câmera e fala: "Minha mãe!"
Dona Hilda passou "Guerra dos Sexos" inteira apitando – o que chegou a gerar reclamações nas redes sociais, como no Twitter. Ela é uma espécie de guarda que cuida do trânsito no estacionamento da loja Charlô´s. A personagem não existia na versão original do folhetim, e parece ter sido criada especialmente para ela.
Apesar de não ter relação nenhuma com a trama da novela, a sequência ficou agradável e soou como uma homenagem do diretor à sua mãe. Há mais de vinte anos, Hilda Rebello é uma figura presente em praticamente todas as novelas que Jorge Fernando dirigiu. O próprio diretor sempre dá um jeito de aparecer atuando em suas novelas – outra marca registrada sua.
Foi divertido ver uma sequência que já chegou a incomodar sendo tratada com cinismo: "Para com esse apito, mãe!" Foi o humor sarcástico, debochado e cínico que fez o sucesso da primeira versão de "Guerra dos Sexos" (em 1983) e que, justamente, ficou faltando neste remake, que optou por um humor mais infantil, e bobinho muitas vezes.
Ainda estou aguardando a cena em que Verusca – para fugir de uma perseguição, já que está de posse de umas pedras preciosas – dá um giro e se transforma na Mulher Maravilha!
Sobre o autor
Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.
Sobre o blog
Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.