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Reconstituição da década de 1970 é o diferencial da nova novela de Carlos Lombardi

Nilson Xavier

11/09/2013 16h26

Fernando Pavão e Simone Spoladore, os protagonistas de "Pecado Mortal", durante a coletiva de imprensa da novela (Foto: Divulgação/Rede Record)

"O elenco vestiu a camisa [da novela] e também tirou a camisa!", disse Alexandre Avancini, o diretor geral de "Pecado Mortal" nesta terça-feira, 10/09, durante a coletiva de imprensa da nova novela de Carlos Lombardi, no Recnov, no Rio de Janeiro. A fala de Avancini é uma alusão à fama de Lombardi em tirar a camisa de seu elenco em cenas de ação ou de forte apelo sexual. E o novelista garantiu que não faltarão descamisados em "Pecado Mortal". E nem descamisadas, já que existe na trama o núcleo de uma boate de strip-tease feminino. E o sexo caberá dentro do permitido no horário – o que já é mais do que se permitia nas novelas das sete horas de Lombardi na Globo.

O novo folhetim da Record começa a ser exibido no próximo dia 25 (às 22h30) e marca a estreia de Carlos Lombardi na emissora, depois de 31 anos de serviços prestados à Globo – com novelas de sucesso em seu currículo, como "Vereda Tropical", "Bebê a Bordo" e "Quatro por Quatro". A história de "Pecado Mortal" tem um prólogo em 1941, mas rapidamente parte para o ano de 1977. Este talvez seja o seu grande diferencial: uma novela de época numa época ainda recente e fresca na memória (de quem tem 45 anos, pelo menos). Com exceção das próprias novelas exibidas na década de 1970, os anos da Era Disco nunca foram abordados posteriormente na teledramaturgia, ou tratados como "reconstituição de época". Algumas poucas exceções foram a novela "Amor e Revolução", do SBT, e as fases finais da minissérie "Anos Rebeldes", da Globo, e da novela "Cidadão Brasileiro", da própria Record.

"Pecado Mortal" é definida por Lombardi como um melodrama de ação com algumas pitadas de humor – diferente de seus trabalhos na Globo, pontuados pela comédia de ação. A trama foca o tráfico de drogas que começava a tomar os morros do Rio de Janeiro na década de 1970, no momento em que o domínio desses morros passava das mãos dos bicheiros para as dos traficantes. Aliás, a possibilidade de escrever algo diferente de suas costumeiras comédias na Globo foi o que motivou Lombardi a trocar de emissora. A Record o acenou com um projeto que ele queria em um horário condizente.

Autor e diretor são reticentes quanto a números de audiência. A Record vem amargando baixos números no Ibope por três novelas ("Máscaras", "Balacobaco" e "Dona Xepa") e sonha em ter novamente os dois dígitos que alcançava com "Vidas em Jogo" em 2011-2012.

O elenco conta com o costumeiro casting da Record (vários da última produção dirigida por Avancini, a minissérie "José do Egito"), com algumas contratações e com atores da "companhia lombardiana de comédia" – elenco que já trabalhou com Lombardi, a saber: Betty Lago, Heitor Martinez, Luiz Guilherme, Mário Gomes, Cláudio Heinrich, Tatyane Goulart, Bianca Byngton, Gero Pestolazzi e Carlos Bonow.

O clipe de lançamento apresentado à imprensa tinha muita correria, perseguição, torsos nus e uma reconstituição de época bacana, em cenários, figurinos, caracterizações e trilha sonora. Enfim, pareceu uma novela com a cara de Carlos Lombardi. De acordo com o autor, um pecado mortal ao se escrever uma novela é deixá-la chata. No que concordamos.

Saiba mais sobre "Pecado Mortal" no site Teledramaturgia.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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