“Saramandaia” acerta ao focar no surrealismo com graça e bom gosto estético
"Saramandaia", a novela das onze da Globo, não é nenhum grande sucesso de audiência. Até o momento, registra uma média de 15 pontos no Ibope da Grande São Paulo – suas antecessoras no horário davam mais ("Gabriela", 18, e "O Astro", 19). Houve um momento em que a trama assinada por Ricardo Linhares foi criticada por focar o romance insosso entre Vitória Vilar (Lília Cabral) e Zico Rosado (José Mayer) deixando em segundo plano a sua essência, o realismo fantástico. Nesta reta final, "Saramandaia" mostra o que tem de melhor, ao tomar as rédeas de sua história pelo viés do surrealismo onírico.
Com clara referência na cinebiografia do diretor Tim Burton, "Saramandaia" tem brindado o telespectador com sequências de beleza estética ímpar, como o voo do "pavão mysteriozo" João Gibão (Sérgio Guizé) com sua amada Marcina (Chandelly Braz). Também tem se mantido à altura da exigência de efeitos especiais de qualidade, que em nada deixam a dever às produções hollywoodianas, como o visto na explosão de Dona Redonda (Vera Holtz). Fora que tem um elenco afinadíssimo e bem dirigido.
No capítulo desta terça-feira (17/09), tivemos mais uma sequência memorável. Ou melhor, várias: o capítulo foi todo recheado com acontecimentos de tirar o fôlego. Primeiro a lavagem de roupa suja entre Risoleta e seu algoz Zico Rosado, com atuações brilhantes de Débora Bloch, José Mayer e Lília Cabral. Depois a união entre Candinha (Fernanda Montenegro) e Tibério (Tarcísio Meira), que culminou em uma bela cena fantasiosa – ainda que em alguns momentos a sobreposição de imagens tenha deixado a impressão de que saturou na tela.
Na sequência, Seu Encolheu (o divertido Matheus Nachtergaele) se delicia com a misteriosa planta (visivelmente fálica) que nasceu na cratera deixada pela explosão de sua amada Dondinha (Vera Holtz). Por fim, uma das mais "timburtonianas" cenas de "Saramandaia": Dona Pupu (Aracy Balabanian) recebe a visita do corpo de seu marido Belisário (Luiz Henrique Nogueira), que veio juntar-se à sua cabeça na redoma, para o deleite da velha senhora.
"Saramandaia" acerta em cheio ao tratar o surrealismo com poesia, graça e bom gosto, abusando de recursos técnicos convincentes. Deveria ter sido sempre assim. A novela está imperdível nesta reta final, tanto pelos entrechos folhetinescos, quanto pelo onirismo de "surrealitude fantasiástica".
Saiba mais sobre "Saramandaia" no site Teledramaturgia.
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