Focada na luta de Félix e César, “Amor À Vida” ficou sem um drama romântico
Para quem você torce em "Amor À Vida"? A novela de Walcyr Carrasco eliminou o casal romântico central. Ou seja, não existe mais conflito amoroso para Paloma (Paolla Oliveira) e Bruno (Malvino Salvador) – o drama romântico que faz parte de todo e qualquer folhetim, desde que novela é novela. O casal está junto, vivendo com a filha Paulinha (Klara Castanho). Os problemas deles são inerentes a qualquer família comum. Atualmente, eles têm que lidar com a adaptação de Paulinha ao pai biológico Ninho (Juliano Cazarré). Qualquer pessoa conhece uma família em que existe um conflito entre filhos e pais separados.
O outro foco de Paloma e Bruno é o mistério que envolve o nascimento de Paulinha. Esta semana, os personagens concluíram que a menina foi abandonada na caçamba pelo tio, Félix (Mateus Solano). E a novela toda está centrada na luta pelo poder, dentro do Hospital San Magno, entre Félix e seu "papi soberano", César Khoury (Antônio Fagundes). Um querendo detonar o outro, cada qual usando suas armas. O autor também usa as dele, para despertar a audiência para sua novela: barracos homéricos, gritaria, choro, tapa na cara. A novela virou um UFC entre Félix e César. Para quem você torce? Para o pai escroque, que traiu, enganou, manipulou? Ou para o filho mau caráter, que traiu, enganou, manipulou? Parece que o mau-caratismo maniqueísta tomou conta de "Amor À Vida".
Estou apenas chamando a atenção para um fato curioso no universo novelístico: o autor eliminou o conflito romântico do casal central para dar vazão a outros, não românticos, transformando os protagonistas em meros coadjuvantes. Não me lembro de outra novela em que isso tenha ocorrido. "Avenida Brasil", centrada na vingança das antagonistas Nina/Débora Falabella e Carminha/Adriana Esteves, tinha um conflito amoroso (Nina/Débora Falabella e Jorginho/Cauã Reymond). Também "A Favorita" (Donatela/Cláudia Raia e Zé Bob/Carmo Dalla Vecchia). Indo mais longe, nem mesmo Dias Gomes em "O Bem Amado" (1973), abandonou o conflito romântico (Juarez Leão/Jardel Filho e Telma/Sandra Bréa). Ou, na revolucionária "Beto Rockfeller" (1968-1969) (Beto/Luiz Gustavo e Renata/Bete Mendes).
Desistir da trama amorosa central não é bom nem ruim. Mas, o público fica sem torcida para um casal romântico, já que os protagonistas deixaram de ser protagonistas, pois eliminou-se o melodrama central, amoroso e folhetinesco. Falta de química entre os atores? A história romântica deles era fraca, ou desinteressante? Ou, com o desenrolar da trama, a luta pelo amor de Bruno e Paloma não conseguiu sustentar a novela, fazendo com que o autor focasse nos desentendimentos da família Khoury?
Sobraram as tramas românticas paralelas. Vamos torcer para que Valdirene termine juntinha de seu Palhaço? Gina e Herbert? Lutero e Bernarda? Michel e Patrícia? Eron e Niko? Linda e Rafael? Na verdade, "Amor À Vida" justifica seu título mais pela luta dos personagens contra a gama de doenças apresentadas na novela, do que por aqueles que levam a vida na plenitude do amor. Afinal, os protagonistas atuais Félix e César não são lá bons exemplos de amor à vida. "Amor ao Dinheiro", talvez, fosse um título mais apropriado à novela.
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