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Mesmo em período de Copa, “Geração Brasil” continua rendendo bons momentos

Nilson Xavier

12/06/2014 12h07

Murilo Benício, Humberto Carrão e Chandelly Braz em

Murilo Benício, Humberto Carrão e Chandelly Braz em "Geração Brasil" (Foto: Divulgação/TV Globo)

"Geração Brasil", a novela das sete da Globo, aos poucos vai entrando nos trilhos. Achava-se que, com a estreia do reality-show "Concurso Geração Brasil", a novela ia parar durante a Copa, focada apenas no concurso. Ledo engano. O reality-show dentro da trama, que se iniciou há algumas semanas, ganhou um novo fôlego com uma reviravolta: os finalistas Davi (Humberto Carrão) e Manuela (Chandelly Braz) querem ser os campeões juntos e, para isso, hackearam os computadores da Marra e propuseram ao chefão Jonas (Murilo Benício) uma saída: o aplicativo Filma-e, desenvolvido pela dupla, que faz com que os fãs do programa gravem vídeos curtos de acordo com desafios diários.

A final será dia 23 de junho. Como a novela terá curta duração durante os dias da Copa, nada mais criativo do que juntar um "reality-show de mentirinha" que se renova e ainda estimula a participação do público – já que o Filma-e está disponível para baixar e o telespectador pode mandar seus vídeos. A interatividade com o folhetim remete a "Cheias de Charme", em que o vídeo das Empreguetes "bombou" na Internet antes mesmo de ser apresentado na novela.

Longe do frisson causado pela trama anterior da dupla Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, "Geração Brasil" ainda assim se mantem dentro do proposto, oferecendo uma história dinâmica, aliada à tecnologia e linguagem moderna, e que incita a participação do público. Mesmo tendo o período da Copa para melar o meio de campo.

Por um momento, cheguei a pensar que a novela iria passar a Copa inteira, exclusivamente, com o "Concurso Geração Brasil". Mas não. A novela não parou no reality e as tramas paralelas seguem. Inclusive os romances extraconjugais do casal Marra: Jonas Marra (Murilo Benício) com Verônica (Taís Araújo) e Pamela Parker Marra (Cláudia Abreu) com Herval (Ricardo Tozzi). Para quem reclamou do coreano Shin Soo (o ótimo Rodrigo Pandolfo) – eu, inclusive – o personagem tem uma trama sim, e bastante interessante, o que o torna mais humano, perdendo a caricatura irritante inicial. Leandro Hassum, como Barata, o apaixonado por Verônica, também tem arrancado boas risadas.

Renata Sorrah – Gláucia Beatriz, a mãe interesseira de Jonas – vai ganhando espaço, ainda que comendo pelas beiradas. A participação da atriz na novela gerou uma expectativa maior do que foi apresentado até agora. Espera-se que Gláucia Beatriz possa render muito mais ainda. Lázaro Ramos tem arrancado bocejos com seu personagem Brian Benson, mas a morte de Maria Vergara (Débora Nascimento), juntamente com Alex Torres (Fiuk), tem tudo para criar desdobramentos mais interessantes para esse núcleo – que tem a seu favor a figura incrível de Dorothy Benson (Luís Miranda, excelente na personagem), mãe de Brian.

Li muitas críticas ao inglês falado durante a novela. São frases tão curtinhas, expressões apenas, que em nada prejudicam o texto ou compreensão da trama. Não vejo como um fator negativo, apenas como um enfeite, ou um chiste. Serve apenas para ilustrar e ambientar os personagens, que são americanos. Pior seria se cada expressão em inglês viesse seguida da tradução, como acontece com o italiano Giácomo de Antônio Fagundes na novela das seis, "Meu Pedacinho de Chão".

Imagina na Copa! Para quem achava que "Geração Brasil" ia começar só depois da Copa, a novela continua rendendo bons momentos.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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