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Relembre os trabalhos de Hugo Carvana na televisão

Nilson Xavier

05/10/2014 15h06

1. Lineu Vasconcelos morto em

1. Lineu Vasconcelos morto em "Celebridade". 2. Como Waldomiro Pena em "Plantão de Polícia". 3. Com Nívea Maria e Natalia Lage em "Gente Fina" (Foto: Divulgação/TV Globo)

Acima de tudo, um homem de cinema. Hugo Carvana trabalhou em mais de 60 filmes. O primeiro papel de destaque foi em "Esse Rio Que Eu Amo" (1961). Esteve em longas importantes, como "Os Fuzis" (1963), "Terra em Transe" (1967), "O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro" (1968), "Macunaíma" (1969) e "Toda Nudez Será Castigada" (1973). Seu primeiro trabalho como diretor de cinema foi "Vai Trabalhar, Vagabundo" (1973). Seguiram-se outros, como "Se Segura Malandro" (1978), "Bar Esperança" (1982), "O Homem Nu" (1997) e "Casa da Mãe Joana" (2008).

O ator e diretor nos deixou neste sábado, 4 de outubro, aos 77 anos. Carioca, Hugo Carvana de Holanda nasceu em 4 de junho de 1937. Antes de estrear em televisão, já atuava em filmes e peças de teatro. Amigo pessoal de Daniel Filho, foi ele quem o levou para a TV Globo. Primeiro, uma breve participação na novela "Anastácia, a Mulher Sem Destino", em 1967. Priorizando o cinema, Carvana voltaria à televisão quase dez anos depois, com um papel de destaque na novela "Cuca Legal" (1975), formando uma dupla com Francisco Cuoco. No mesmo ano, teve uma rápida aparição em "Gabriela".

Mas Hugo Carvana dedicou a década de 1970 ao cinema. O retorno à telinha aconteceu apenas em 1979, no papel mais marcante de sua carreira na TV: o repórter policial investigativo Waldomiro Pena do seriado "Plantão de Polícia" (1979-1981), um programa de Daniel Filho que tinha entre os roteiristas o então iniciante Aguinaldo Silva. Em 1982, viveu outro personagem sob a direção de Daniel Filho: com a atriz Tânia Scher formou um dos vários casais da minissérie "Quem Ama Não Mata", de Euclydes Marinho.

O retorno às novelas ocorreu em 1984. Em "Corpo a Corpo", de Gilberto Braga, Carvana viveu o rico empresário Alfredo Fraga Dantas, homem autoritário e preconceituoso que não aceitava o namoro do filho (Marcos Paulo) com uma moça negra (Zezé Motta). Num lance folhetinesco digno de "O Direito de Nascer", a moça salva a vida de seu algoz em uma transfusão de sangue. Seguiram-se "De Quina Pra Lua" (1985-1986), como o inescrupuloso Silva, e "Roda de Fogo" (1986-1987), como Paulo Costa, um dos sócios das empresas do protagonista Renato Villar (Tarcísio Meira).

1. Com Marcos Paulo e Malu Mader em

1. Com Marcos Paulo e Malu Mader em "Corpo a Corpo". 2. Como um aviador em "Cuca Legal". 3. Com Susana Vieira em "Fera Ferida". (Foto: Divulgação/TV Globo)

Após um breve hiato, Hugo Carvana retornou à televisão em 1990, na novela "Gente Fina", em que viveu o protagonista Guilherme, casado com Joana (Nívea Maria), cuja família sofre com a derrocada financeira. Em seguida, um papel em "O Dono do Mundo", de Gilberto Braga: o marceneiro Lucas. Foi também o delegado Lima da minissérie "As Noivas de Copacabana" (1992), e Agenor, na novela "De Corpo e Alma" (1992), que pagava faculdade para o filho (Guilherme Leme) sem saber que ele tirava a roupa no Clube das Mulheres.

Em 1993, Hugo Carvana viveu outro de seus bons papeis na TV: o político Numa Pompílio de Castro da novela "Fera Ferida", inspirada na obra do escritor Lima Barreto. O personagem era traído pela mulher, Rubra Rosa (Susana Vieira), com seu inimigo político (José Wilker). Era ela quem escrevia seus discursos inflamados. Até o ano 2000, seguiram-se vários personagens em novelas e minisséries: Luiz Magalhães em "Agosto" (1993), Irmão Fidélis em "Engraçadinha" (1995), Aníbal em "Cara e Coroa" (1995-1996), Azevedo em "Corpo Dourado" (1998), Gouveia em "Chiquinha Gonzaga", Wagner Macieira em "Andando nas Nuvens" (1999).

Após participações nas novelas "Um Anjo Caiu do Céu" (2001) e "Desejos de Mulher" (2002), Hugo Carvana viveu outro personagem emblemático: o empresário Lineu Vasconcelos em "Celebridade" (2003-2004), de Gilberto Braga – que gerou o "quem matou Lineu?". O personagem foi assassinado e virou o mistério da trama. Ao final, descobriu-se que a assassinada era a vilã Laura (Claudia Abreu). Do novelista Gilberto Braga, Carvana ainda interpretou personagens nas novelas "Paraíso Tropical" (2007, Belisário) e "Insensato Coração" (2011, Silveira).

Nos últimos dez anos, Hugo Carvana atuou nas seguintes novelas, séries e minisséries: "Como uma Onda" (2004), "JK" (2006), "Malhação" (temporadas de 2008 e 2009), "Três Irmãs" (2008), "Guerra e Paz" (2008), "Na Forma da Lei" (2010) e "O Brado Retumbante" (2012), sua última participação na TV. No cinema, os últimos trabalhos do veterano ator e diretor foram os filmes "Casa da Mãe Joana" (2008), "5 Vezes Favela, Agora por Nós Mesmos" (2010), "Não se Preocupe, Nada Vai Dar Certo!" (2011), "Giovanni Improta" (2013) e "Casa da Mãe Joana 2" (2013).

Poderemos conferir o trabalho de Hugo Carvana ainda este mês, na reprise da novela "O Dono do Mundo" no canal Viva.

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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