Novela "A Padroeira" recontou a história de Nossa Senhora Aparecida
Nilson Xavier
12/10/2014 13h29
No ano do 2001, a Globo exibiu, no horário das seis, a novela "A Padroeira", de Walcyr Carrasco, que tinha dois pontos de partida: o romance histórico "As Minas de Prata", de José de Alencar (que já havia rendido uma novela, de Ivani Ribeiro, na TV Excelsior, em 1966-1967), e a história da descoberta da imagem de Nossa Senhora Aparecida, a Padroeira do Brasil. Carrasco mesclou as tramas de forma que uma complementasse a outra.
A ideia era repetir a dobradinha Walcyr Carrasco (no roteiro) e Walter Avancini (na direção), responsáveis pelo sucesso de "O Cravo e a Rosa", que havia terminado apenas três meses antes. Havia uma certa urgência em levar a nova produção ao ar, já que Avancini estava com sua saúde abalada. Mas, infelizmente, o diretor não chegou a ver sua obra concluída: Walter Avancini foi afastado um mês após a estreia de "A Padroeira", vindo a falecer em 26 de setembro de 2001.
Na trama da novela, Carrasco remontou a história real da descoberta de uma imagem na região do Vale do Rio Paraíba, São Paulo, no ano de 1717, por três pescadores: Filipe Pedroso, João Alves e Domingos Garcia (na novela, interpretados por Isaac Bardavid, Cláudio Gabriel e Carlos Gregório, respectivamente). Não era época de pesca, mas os pescadores foram atrás de peixes para o banquete a ser servido ao Conde de Assumar (Antônio Marques), então governante da Capitania de São Paulo que estava de passagem pela cidade de Guaratinguetá.
Os personagens deste núcleo de "A Padroeira" são reais, reconhecidos pela Igreja Católica. Além dos três pescadores, destacaram-se também a beata Silvana (Laura Cardoso), mãe de João Alves, e Atanásio (Jackson Antunes), filho de Filipe Pedroso, que, juntamente com o vigário de Guaratinguetá, ergueu a primeira capela a Nossa Senhora Aparecida, por volta do ano de 1734.
A história da santa, dentro da novela, se funde com as demais tramas de "A Padroeira" quando cresce o preconceito com relação à adoração pela imagem da santa negra, o que divide os camponeses e fidalgos da região. Este preconceito cai por terra quando acontece o terceiro milagre atribuído à santa: a menina cega Marcelina (Renata Nascimento), filha do fidalgo Dom Lourenço de Sá (Paulo Goulart), começa a enxergar quando é levada para rezar junto à imagem. O capítulo de "A Padroeira" com esta sequência foi ao ar no dia 12 de outubro de 2001.
Inicialmente, "A Padroeira" teve rejeição do público, que estranhou sua estética sombria e pesada. Com a morte de Avancini, o diretor Roberto Talma assumiu a novela e, por conta dos baixos índices de audiência, a reformulou por completo. A direção de arte mudou o tom sóbrio da produção em cenários, figurinos e caracterização dos personagens, e parte do elenco original saiu e novos personagens foram criados para dar mais "vida" à história.
Saiba mais sobre "A Padroeria" no site Teledramaturgia.
Sobre o autor
Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.
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Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.