20 Anos de “Quatro por Quatro”, uma das melhores novelas dos anos 90
Quatro mulheres humilhadas, unidas para uma vingança contra seus respectivos homens, como quatros mosqueteiras, "uma por todas, todas por uma". Este era o mote central da novela "Quatro por Quatro", um grande sucesso da década de 1990, de autoria de Carlos Lombardi, que completa 20 anos de estreia neste dia 24 de outubro.
Na trama, Abigail (Betty Lago), Auxiliadora (Elizabeth Savalla), Tatiana (Cristiana Oliveira) e Babalu (Letícia Spiller) se conhecem logo no início, em um acidente no trânsito, quando vão parar na cadeia por desacato. Abigail foi humilhada pelo marido machista, Gustavo (Marcos Paulo). Auxiliadora foi trocada pelo marido Alcebíades (Tato Gabus Mendes) por uma garota vinte anos mais nova, Elisa Maria (Lizandra Souto), que ela chamava de "Paquita Erótica". Tatiana foi abandonada no altar pelo noivo trambiqueiro, Fortunato (Diogo Vilela). E Babalu pegou o noivo galinha, Raí (Marcello Novaes), no maior flagrante com outra mulher.
Outra trama de interesse foi a luta do médico Bruno (Humberto Martins) para conquistar a filha pequena, Ângela (Tatyane Goulart), que ele abandonou quando nasceu e deixou nas mãos do primo Gustavo para que ele criasse. Gustavo era um médico inescrupuloso, e usou Susana (Helena Ranaldi), apaixonada por Bruno, para afastá-lo de sua família – já que o retorno de Bruno implicaria em passar a ele o cargo que Gustavo ocupava no hospital da família.
Mas, sem dúvida, o grande sucesso de "Quatro por Quatro" foi o furacão Babalu, o papel da vida de Letícia Spiller. A ex-paquita havia atuado em apenas uma novela anteriormente: um pequeno papel em "Despedida de Solteiro" (1992-1993). Babalu – ou melhor, Barbarela Lurdes – era uma manicure espevitada, barraqueira, de pavio curto, engraçada, cheia de tiradas espirituosas e que se vestia de forma bastante original: tiara de margarida (ou girassol) no cabelo, blusinha de cigana, shortinho, miçangas, batom e unhas bem vermelhas, e tamanco plataforma com meia colorida – figurino criado especialmente para a personagem por Lessa de Lacerda, figurinista da novela.
O figurino, claro, virou febre e vendeu como água no comércio popular. O linguajar de Babalu também ganhou as ruas e popularizou palavras até então pouco usuais, como "bofe", "mona", "desaquenda", "uó" e "babado". A atriz conta que buscou inspiração para o temperamento de Babalu na Mônica de Maurício de Sousa. Carismática, Babalu era, acima de tudo, uma romântica. Seu caso com o mecânico mulherengo vivido por Marcello Novaes pulou da telinha para a vida real, com a união dos dois atores.
Elizabeth Savalla e Betty Lago também fizeram sucesso com suas personagens Auxiliadora e Bibi (Abigail). A aceitação do público pela divertida história de Carlos Lombardi foi tanta que a trama foi espichada e terminou com 233 capítulos (ficou nove meses no ar, de 24/10/1994 a 22/07/1995). A explicação para o sucesso estava num conjunto de fatores: o texto sempre sarcástico de Lombardi, uma história divertida e ágil, numa galeria de personagens carismáticos, com elenco bem escalado e direção dinâmica (direção geral de Ricardo Waddington).
Juntamente com "Vereda Tropical" (1984-1985) e "Bebê a Bordo" (1988-1989), "Quatro por Quatro" figura entre as melhores obras de Carlos Lombardi na televisão. Uma mistura homogênea de humor escrachado com folhetim romântico, sempre destacando as relações familiares – marca registrada do autor em todos os seus trabalhos.
"Sentiu a pressão, malandro!"
Saiba mais sobre "Quatro por Quatro" no site Teledramaturgia.
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