Topo

“Alto Astral” promete ser o que as novelas das 7 anteriores não conseguiram

Nilson Xavier

03/11/2014 20h52

Sérgio Guizé e Nathalia Dill (Foto: Pedro Paulo Figueiredo/TV Globo)

Depois de tramas pretensiosas no horário das sete ("Além do Horizonte" e "Geração Brasil"), chegou a ser um alívio assistir à estreia da nova novela, "Alto Astral". À primeira vista, ela é tudo o que as suas antecessoras não conseguiram ser: simples e folhetinesca, com vários elementos já conhecidos do público de novelas.

Já sabemos que Thiago Lacerda e Débora Nascimento formam um casal vilão, o contraponto do casal romântico central vivido por Sérgio Guizé e Nathalia Dill. Caíque, o personagem de Guizé, sempre desenhou, desde criança, o rosto de uma mulher que ele não conhecia. Até encontrá-la ao final do primeiro capítulo – ótimo gancho em uma cena muito bonita. Só ficou estranho o fato deles não se conhecerem, já que ela é noiva do irmão dele.

As chamadas deixaram claro que o Espiritismo funciona na novela como um pano de fundo, uma alegoria. A produção não tem a menor intenção de discutir a filosofia kardecista. Não passa da história de um rapaz que vê gente morta – a "gente morta", no caso, o médico vivido por Marcelo Médici e a menina que acompanha Caíque, personagem da graciosa Nathalia Costa.

"Alto Astral" é tão somente uma comédia romântica. Na parte da humor está uma histriônica Claudia Raia – loura inclusive – que dá vida à vidente Samantha. Sua primeira aparição já foi digna de nota, ao alertar o povo sobre uma ponte que estava prestes a cair (e caiu, a partir de uma armação da personagem). Tecnicamente falando, "Alto Astral" é bem produzida, e já mostrou, além da cena da ponte, um acidente aéreo e uma derrapagem numa pedra. A direção geral é de Jorge Fernando. A trilha sonora e a abertura são ótimas.

Poços de Caldas, em Minas Gerais, e Pedra Azul, no Espírito Santo, foram algumas locações dessa estreia. A fictícia cidade de Maltarolli é uma homenagem a Andrea Maltarolli, novelista morta em 2009, autora da sinopse original na qual "Alto Astral" é baseada. Daniel Ortiz estreia como autor solo, tendo seu mestre Silvio de Abreu (com quem já trabalhou) como supervisor de texto.

"Alto Astral" promete leveza em um horário que vem sofrendo bastante com a baixa aceitação do público. Parece seguir a receita da última boa novela da faixa, "Sangue Bom" (2013). Não traz nada de diferente, nada além do já visto inúmeras vezes antes. Talvez, por isso, possa agradar. Inovação é sempre bem-vinda. O trivial também.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

“Alto Astral” promete ser o que as novelas das 7 anteriores não conseguiram - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

Mais Posts