Capítulo de estreia de “Babilônia” é uma verdadeira aula de roteiro
O primeiro capítulo de uma novela sempre tem a intenção de cativar o público de imediato. E quase nunca se consegue. Reza uma aula de Janete Clair que a novela só pega quando o mocinho der o beijo na mocinha em um determinado número de capítulo. Bem, assim era até a década de 70.
Hoje em dia, para uma novela pegar, depende de muito mais do que o primeiro beijo romântico na terceira semana de novela. E não existe regra. O primeiro capítulo de "Amor à Vida" causou uma verdadeira comoção. Mas a novela que se viu duas semanas depois em nada mais lembrava a estreia. A trama de Walcyr Carrasco só foi cair no gosto do público quando o vilão Félix (Mateus Solano) foi transformado num personagem cômico.
"Salve Jorge", de Glória Perez, teve em sua estreia uma brincadeirinha de voltar no tempo. Mas acabou por revelar-se uma novela das mais lineares. "Em Família", de Manoel Carlos, perdeu toda a empolgação inicial quando passou das primeiras fases para a definitiva. Antes tivesse ficado na segunda fase. E "Império", de Aguinaldo Silva, já vendia nas chamadas uma vilã que desbancaria Carminha (Adriana Esteves em "Avenida Brasil"). Mas Cora (Drica Moraes/Marjorie Estiano) minguou e virou uma vilã pé de chinelo.
"Babilônia", a estreia dessa segunda (16/03) – escrita por Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga – também contou com um arsenal de atrativos com o intuito de fisgar o público. Tudo fluiu perfeitamente em um capítulo intenso e de tirar o fôlego. O público já sabe que a trama será pautada no embate entre duas vilãs: Beatriz (Glória Pires), a chique com ares de poderosa, e Inês (Adriana Esteves), a pé de chinelo rancorosa.
O que impressionou nesse primeiro capítulo foi a trama bem amarrada, bem urdida, uma verdadeira aula de roteiro, de como apresentar os principais personagens, suas características e suas histórias num primeiro capítulo. Mas nada disso teria o efeito que teve se não fosse a ótima produção (núcleo de Dennis Carvalho), como já era de se esperar, e a atuação das atrizes protagonistas, Glória Pires e Adriana Esteves.
Ouso dizer que não via Glória Pires tão bem em uma personagem desde Raquel, a gêmea vilã de "Mulheres de Areia" (de 1993). Adriana Esteves ainda carrega os tiques de Carminha? Pode ser. Mas está diferente. Não é a mesma Carminha, mesmo urrando como Carminha. Talvez ainda fosse cedo para Adriana retornar ao vídeo? Talvez. Mas vislumbro algo de diferente e conto com isso!
O restante do elenco teve pouco destaque. Camila Pitanga ainda não disse a que veio. Também é protagonista, Regina, moça humilde e honesta – claro, ascensão social e diferenças entre classes é Gilberto Braga puro. Aliás, o capítulo todo é um Gilberto Braga legítimo!
Também vimos as sempre unanimidades Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg, com ótimas personagens, que, inclusive, escondem um segredo sobre o passado das rivais Beatriz e Inês. Mas, muito mais do que isso, formam um casal lésbico que já deixou para o público um longo e delicado beijo. Sem firulas ou falsas expectativas. Assim, na cara da sociedade. Continua desse jeito, "Babilônia". Não faça como suas antecessoras!
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