Falta a “Babilônia” o que “Sete Vidas” tem de sobra
Em meu último texto, afirmei que a novela "Babilônia" precisa de mais emoção para cativar audiência – LEIA AQUI. A novela vinha, até então, mostrando uma realidade muito fria, em detrimento da emoção, que todo folhetim demanda.
Pois o que falta a "Babilônia", tem de sobra em "Sete Vidas", a trama do horário das seis, de autoria de Lícia Manzo. A novelista, em parceria com o diretor Jayme Monjardim, já havia mostrado um ótimo trabalho na novela anterior da dupla, "A Vida da Gente" (2011-2012).
"Sete Vidas" parte de uma premissa das mais modernas: novas configurações familiares formadas com o encontro de meios-irmãos gerados a partir de um doador anônimo. A autora traz à baila uma discussão muito pertinente nos dias atuais. Seu grande mérito é o texto delicado e sutil ao abordar um tema que pode ser de difícil entendimento para o público em geral – particularmente o tradicional público do horário das seis.
Também é discutido o preconceito contra famílias formadas com uniões homoafetivas. Regina Duarte vive uma lésbica que criou os filhos com sua parceira, já falecida. Nesta semana, a novela exibiu uma sequência muito interessante em que o filho dela, Luís (Thiago Rodrigues), mostra para os seus filhos pequenos, através de um livro infantil, como uma criança pode ser criada por dois pais ou duas mães. Tudo muito didático (como pede a situação, já que envolve crianças), mas muito bonito, bem dirigido e com um texto cuidadoso.
A novela é atual, emula a realidade com abordagens verossímeis. Mas, acima de tudo, é folhetim. E seus personagens são movidos pela emoção. As situações, conversas, discussões (entende-se DRs), são sempre exibidas de uma forma sensível. Não é exagero dizer que o texto de Lícia Manzo é emocionante. Os personagens têm alma, tem vida. Bem mais fácil, assim, para o público criar empatia, se envolver, se identificar, se emocionar.
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