Em blocos bem diferentes, “Verdades Secretas” tem estreia equilibrada
Nenhuma pirotecnia para prender (ou enganar) o telespectador. O primeiro capítulo de "Verdades Secretas" – estreia das onze na Globo, nesta segunda, 08/06 – limitou-se a introduzir a história central e apresentar os principais personagens. Mas nada de correrias, ou acontecimentos estarrecedores. Para começar, uma novidade: os créditos não apareceram em uma abertura, mas em cima da primeira sequência, como nos filmes.
Carolina (Drica Moraes, a melhor atuação dessa estreia) descobriu a traição do marido e saiu de casa com a filha aspirante a modelo, Arlete (Camila Queiroz), que já foi apresentada ao novo colégio e à dona da agência de modelos, Fanny (Marieta Severo finalmente livre de Dona Nenê). Assim nasceu Angel, o novo nome de Arlete.
Diretores e autor apostaram no equilíbrio para apresentar a história e para dividir o seguimento da ação. O melhor e o pior do capítulo estavam separados em seus dois blocos. No primeiro, a ação foi toda centrada em Carolina e seu drama ao saber que o marido Rogério (Tarcísio Filho) tinha uma outra família. Inconformada, ela pega a filha e parte para São Paulo.
Drica, excelente, em nada lembra Cora, a vilã pé de chinelo que cheirava cuecas e soltava pum em "Império". Em cenas bem dirigidas, também foi apresentado o personagem de Rodrigo Lombardi, o rico Alex, e seu envolvimento com modelos – ótima toda a sequência com a modelo Alessandra Ambrosio. Texto e direção (de núcleo de Mauro Mendonça Filho) excelentes.
No segundo bloco, a coisa foi bem diferente. No novo colégio, Arlete sofreu bullying das "mean girls" porque era do interior, porque não se vestia como as demais garotas e porque era da periferia. Também surgiu o gordinho com olhar carinhoso que lhe deu uma palavra amiga.
Corta para a agência de modelos e a figura de um gay afetadíssimo pôs Crô, Téo Pereira e Félix no chinelo: Visky, vivido por Rainer Cadete, de língua afiadíssima a trocar impropérios com uma colega de trabalho, um desafeto. É aí que Walcyr Carrasco se entrega: na total falta de sutileza nos diálogos e nos tipos que cria. Dois blocos que parecem duas novelas diferentes. Eu ficaria no primeiro.
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