“Quem matou Murilo?” ou o golpe de misericórdia de “Babilônia”?
A fim de incitar alguma curiosidade no público nesta reta final de "Babilônia", os autores – Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga – criaram um "quem matou?". O objetivo é claro: gerar algum burburinho para despertar a audiência adormecida da novela. Ainda que o recurso seja visto como "golpe baixo", uma vez que já foi usado à exaustão.
O próprio Gilberto Braga tornou-se o novelista que mais fez uso deste subterfúgio em seus folhetins. Veja o álbum acima. Os seus últimos cinco trabalhos (desde 1998, portanto nos últimos 17 anos) tiveram um "quem matou?". Vale destacar que é de Gilberto o mais famoso "quem matou?" da história de nossa Teledramaturgia: "quem matou Odete Roitman?", Beatriz Segall em "Vale Tudo" (1988-1989).
It´s murder on the dancefloor!
O assassinato de Murilo (Bruno Gagliasso) foi ao ar no capítulo desta quinta-feira – 13 de agosto, que dia para se morrer! No meio da pista de dança, o bandidinho foi golpeado nas costas com um triturador de gelo. Já há algumas semanas, os autores vinham armando a situação e preparando o público. Nos últimos tempos, Murilo passou a ser o personagem mais odiado da novela, colecionando uma galeria de desafetos.
Portanto, vários personagens podem ter cometido o crime. E a boate onde ocorreu o assassinato estava lotada ontem, com a presença do elenco em peso, todos trajando roupa escura (enquanto Murilo usava uma camisa branca). Até a pacata Tia Celina (Débora Duarte) foi relembrar seus áureos tempos de "dancin´ days"! Além dela, são suspeitos: Inês (Adriana Esteves), Alice (Sophie Charlotte), Vinícius (Thiago Fragoso), Evandro (Cássio Gabus Mendes), Cris (Tainá Müller), Beatriz (Glória Pires), Diogo (Thiago Martins), Otávio (Herson Capri), Guto (Bruno Gissoni), Helô (Carla Salle), Pedro (André Bankoff), ufa!
Um "quem matou?" nunca é demais no roteiro de uma novela. É um bom entrecho, quando sua trama é coerente e bem elaborada, sem deixar arestas ou furos. E – mais importante – sem subestimar a inteligência do público. A princípio, a sequência da morte de Murilo, ontem, não teve nenhum grande clímax – todos já esperavam pelo crime.
A última pá de cal
Os últimos capítulos de "Babilônia" têm ficado acima dos 28 pontos no Ibope da Grande São Paulo – superior à média geral de novela até agora, 25 pontos, muito pouco para o horário. Sem descambar para o trocadilho infame, o assassinato de Murilo pareceu o golpe de misericórdia da novela que tanto penou ao longo dos últimos cinco meses, na audiência e na opinião pública. Vamos aguardar pelo dia 28 (último capítulo) para ver como os autores vão construir o desfecho desse mistério e enterrar "Babilônia" de vez.
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