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Relembre as personagens que marcaram a carreira de Marília Pêra na TV

Nilson Xavier

05/12/2015 10h58

Como a divertida Darlene na série

Como a divertida Darlene na série "Pé na Cova" (Foto: Divulgação/TV Globo)

Uma de nossas atrizes mais completas. Esta é uma frase recorrente quando se fala de Marília Pêra, atriz, cantora, bailarina, coreógrafa, produtora. Marília nos deixou neste sábado, (05/12) aos 72 anos – 55 deles dedicado à arte. Famosa por seus trabalhos (e prêmios) no teatro, cinema e televisão, Marília foi uma de nossas maiores atrizes. Foram quase 60 peças de teatro (várias delas musicais), quase 40 trabalhos na televisão (entre novelas, minisséries e seriados), e 27 filmes, como "Central do Brasil" (1998), "Tieta do Agreste" (1996) e "Pixote, a Lei do Mais Fraco" (1980).

Marília Pêra era carioca, do bairro do Rio Comprido. Filha dos atores Manuel Pêra e Dinorah Marzullo, nasceu em 22 de janeiro de 1943. Irmã de Sandra Pêra, também atriz e cantora. Marília foi casada com o ator Paulo Villaça, com o produtor musical Nelson Motta (pai de suas filhas Nina e Esperança) e com o músico e diretor de TV Graça Mello (pai de seu filho Ricardo Graça Mello).

Foi Graça Mello que levou Marília a atuar na recém-inaugurada TV Globo, em 1965, onde ela estrelou algumas das primeiras novelas da casa: "Rosinha do Sobrado" e "A Moreninha". Amiga do novelista e dramaturgo Bráulio Pedroso, na Tupi, Marília participou da revolucionária "Beto Rockfeller", e de "Super Plá", novela que lhe rendeu um espetáculo teatral com Hélio Souto (a partir dos personagens deles da novela): "A Vida Escrachada de Baby Stompanato e Joana Martini".

De volta à Globo, Marília estrelou três novelas seguidas, entre 1971 e 1973: foi Shirley Sexy em "O Cafona" (de Bráulio Pedroso), Noeli em "Bandeira Dois" (de Dias Gomes) e Serafina Rosa Petrone em "Uma Rosa com Amor" (de Vicente Sesso). Ganhou um programa musical só para ela, "Viva Marília", em 1973, e atuou na novela "Supermanoela" (de Walther Negrão), em 1974. Desgostosa com o ritmo alucinante que a TV já tinha naqueles meados dos anos 1970, Marília afastou-se das novelas por um período de treze anos.

​Seu retorno foi triunfal: em 1987 viveu a inesquecível Rafaela Alvaray, em "Brega e Chique" (de Cassiano Gabus Mendes), uma socialite afetada e falida, divertidíssima nas cenas com Marco Nanini. Antes disso, Marília havia participado da primeira minissérie brasileira: "Quem Ama Não Mata", escrita por Euclydes Marinho, exibida em 1982, um trabalho primoroso, dirigido por Daniel Filho, em que ela dividiu cenas fortes com Cláudio Marzo.

Outro momento marcante de Marília Pêra na TV foi na minissérie "O Primo Basílio" (1988, de Gilberto Braga a partir do romance de Eça de Queiroz), como a sinistra empregada Juliana. A cena da morte da personagem é uma das mais impactantes da história de nossa TV. Marília voltaria a ter outra interpretação memorável de Eça de Queiroz, em "Os Maias", minissérie de Maria Adelaide Amaral (de 2001), como Maria Monforte, na fase velha – apenas citada no livro, mas que surgiu na minissérie de maneira retumbante. Ainda: foi Sarah Kubitschek na minissérie "JK", também de Maria Adelaide Amaral (e Alcides Nogueira), em 2006.

Marília continuou atuando de forma regular em novelas, minisséries e seriados, desde a década de 1990. Na minissérie "Incidente em Antares" (1994) viveu a ingênua prostituta Erotildes, umas das mortas da história. Destaque também para Genú, de "Lua Cheia de Amor" (1991), a camelô que era uma versão da feirante Dona Xepa; a arrogante Custódia de "Meu Bem Querer" (1998); Janis, a Vó Doidona de "Começar de Novo" (2004); a maluca (e divertidíssima) Milu Montini de "Cobras e Lagartos" (2006) e a socialite Gioconda de Queiroz Barreto de "Duas Caras" (2007).

Os últimos trabalhos de Marília Pêra na TV selaram sua parceria com Miguel Falabella na Globo: Catarina Faissol da série "A Vida Alheia" (2010), Maruschka Lemos de Sá da novela "Aquele Beijo" (2011-2012) e a engraçada Darlene na série "Pé na Cova" (desde 2013 ainda em exibição).

Uma de nossas maiores divas, seja fazendo graça ou drama, dançando ou cantando, em tipos leves ou densos, no teatro, cinema ou televisão. A morte de Marília Pêra é uma perda inestimável para as artes brasileiras. Fica na memória sua presença eterna em tantos trabalhos emocionantes.

Leia também: "Morre aos 72 anos a atriz carioca Marília Pêra".

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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