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Tramas paralelas atrapalham o ritmo da história central de A Regra do Jogo

Nilson Xavier

24/01/2016 18h34

Zé de Abreu, como Gibson, o

Zé de Abreu, como Gibson, o "pai" da facção (Foto: Reprodução)

Tenho – praticamente – uma relação de amor e ódio com "A Regra do Jogo"! Gosto demais da trama central da novela, que envolve os núcleos de Romero e Toia (Alexandre Nero e Vanessa Giácomo), mais a família de Gibson (José de Abreu) e a facção criminosa, passando por personagens como Zé Maria (Tony Ramos), Kiki (Deborah Evelyn), Atena (Giovanna Antonelli) e Ascânio (Tonico Pereira). O chato é quando aparecem as tramas paralelas, principalmente as do núcleo do Morro da Macaca, completamente alheias à história central.

Novelérie ou Serinovela

"A Regra do Jogo" se pretende um produto híbrido: novela com série. Sua trama principal tem uma narrativa seriada que prioriza a ação e o drama em detrimento do melodrama folhetinesco e romântico. Os capítulos emulam os episódios de séries, com títulos a cada dia. Sinto que, para atender a demanda novelística, a "série A Regra do Jogo" tenha a necessidade de apresentar tramas paralelas com alívios cômicos e românticos, ausentes na história central. Servem para atender o público que está acostumado a consumir novela neste horário, não série, e para "encher linguiça", já que cada capítulo tem mais de uma hora de duração e a novela precisa ficar, ao menos, seis meses no ar – a trama central sozinha não rende uma novela longa.

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É nesta mistura que "A Regra do Jogo" se perde. Eu fico com a série. Ou seja, enxugaria todas as tramas secundárias e focaria na história da facção, que, por mais furos que possa ter, por mais inverossímil que possa parecer, é uma trama envolvente, bem delineada, com personagens ótimos e um elenco de primeira. Bom é acompanhar "A Regra do Jogo" no site da novela (após a exibição do capítulo na televisão) com a possibilidade de pular o que não interessa. Tem lá as suas vantagens esses modernos métodos de se consumir audiovisual.

Até gosto da família de Feliciano, que apresenta algumas situações divertidas, com atores excelentes – principalmente Marcos Caruso, Alexandra Richter, Otávio Müller e Suzana Pires. Todavia, nem este núcleo, nem os funkeiros da Macaca e a maioria dos personagens do morro tem alguma ligação com a trama da facção. Pior: quando aparecem, quebram o ritmo da "série A Regra do Jogo", o que é péssimo para uma série. Até para uma série que se pretende novela. Ou uma novela que se pretende série. Ou seria essa uma combinação equivocada? Ou teria sido melhor a trama central de "A Regra do Jogo" ter sido apresentada como série? Ou uma novela curta, dessas das 23 horas…

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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