Com "Êta Mundo Bom", Carrasco devolve à telenovela sua função catalisadora
Walcyr Carrasco é um danado mesmo. Além de ser um dos mais assíduos na televisão (em seis anos está escrevendo sua quinta novela), cada trabalho seu é garantia de sucesso. Nesta semana, "Êta Mundo Bom!" (a atual atração das seis horas) registrou um recorde de audiência (mais de 32 pontos no Ibope da Grande São Paulo) não visto desde o último capítulo da novela "Escrito nas Estrelas", exibido em setembro de 2010. E olha que nesse ínterim não faltaram ótimas novelas no horário das seis: "Cordel Encantado", "A Vida da Gente", "Lado a Lado", "Sete Vidas", "Além do Tempo" e outras.
Apesar de "Êta Mundo Bom" ainda não ter chegado à metade de sua história, Carrasco já deu um desfecho para a principal trama, o encontro de mãe e filho que não se conheciam, Anastácia (Eliane Giardini) e Candinho (Sérgio Guizé). O autor queimou seu principal cartucho. Mas alguém duvida de que ele criará novos entrechos tão atraentes quanto para manter a audiência cativa até o fim da novela?
Leve, despretensiosa, com uma mensagem otimista. Ótima produção com alguns excelentes atores em tramas interessantes e divertidas. E, acima de tudo, maniqueísta: os bons são bons, os maus são maus. O público já viu essa história várias vezes e sabe o que esperar dela. "Êta Mundo Bom!" é um novelão escancarado, daqueles que fisgam o telespectador, pela trama e pela galeria de personagens cativantes. Claro que há derrapadas, no texto, na direção, em alguns atores não tão bons assim – detalhes que aborrecem parte do público, mas que não chegam a comprometer o desempenho e a repercussão da novela.
Como novelista, Walcyr Carrasco tem uma qualidade inegável: o poder de catalisar as massas com suas histórias. Atualmente, poucos autores de novelas alcançam isso com tanta frequência quanto ele. Nesses tempos de concorrência acirrada – com outras formas de entretenimento, mil possibilidades de se assistir o que se quer à hora que se deseja, e, como consequência, o declínio da audiência da grade engessada -, Carrasco devolve à telenovela a sua função mais ancestral: a de unir o público em torno de uma mesma história em um determinado horário. Convenhamos, um feito e tanto para os dias atuais – ainda que esses números de audiência não se equiparem aos de antigamente.
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