Só agora "Liberdade Liberdade" exibe uma interessante trama histórica
Duas semanas para o seu término e "Liberdade Liberdade" está pegando fogo! O cerco se fecha cada vez mais sobre os personagens de Vila Rica. A trama ganhou novo fôlego com a chegada do interventor da Coroa Portuguesa, o Duque de Ega (Gabriel Braga Nunes), que na verdade está mancomunado com a Princesa Carlota Joaquina (Susana Ribeiro) numa conspiração para que a Espanha domine o Brasil – o que revela interesses escusos escondidos sob a aura do sonho de liberdade.
Em sua reta final, "Liberdade Liberdade" apresenta agora o que faltou em três quartos da novela: uma trama ágil e coesa com conexão histórica. A maior crítica contra a produção era justamente ter pouca História retratada. Até então, apesar das alusões a vultos históricos (como Tiradentes e os inconfidentes, a Família Real Portuguesa e Mão de Luva), a novela não passava de um amarrado melodrama que poderia ser ambientado em qualquer época.
"Liberdade Liberdade" começou modorrenta e levou um tempo até se estabelecer. A trama vinha andando em círculos, dando destaques momentâneos a personagens e núcleos isolados. Enquanto se desenrolava lentamente a trama principal, foram apresentados o rapto de Bertoleza (Sheron Menezes), a volta do marido (Jackson Antunes) de Dionísia (Maitê Proença), o drama do cego Ventura (Vitor Thiré) – que, diga-se de passagem, atualmente está abandonado -, etc.
Entretanto, apesar de seu roteiro um tanto quanto enviesado, "Liberdade Liberdade" tinha a seu favor ótimos trunfos que faziam valer a pena a audiência. O maior deles talvez fosse o excelente elenco em ótimos personagens, todos ricamente construídos, com destaque para Mateus Solano/Rubião, Lília Cabral/Virgínia, Maitê Proença/Dionísia, Caio Blat/André, Nathalia Dill/Branca, Zezé Polessa/Ascenção, Marco Ricca/Mão de Luva e Juliana Carneiro da Cunha/Alexandra.
A direção (artística de Vinícius Coimbra) teve importante papel na produção, tanto na condução do elenco quanto nos detalhes estéticos, com ênfase para as caracterizações pouco maquiadas, de atores e cenários – percebam como a fotografia escura deixa Vila Rica, os cenários e personagens com um aspecto ainda mais sujo. Uma proposta estética que flerta com o realismo, mas que, todavia, encontrava pouca ressonância no texto.
Faltando duas semanas para acabar, "Liberdade Liberdade" vem apresentando desfechos emocionantes para os personagens. E – apenas agora – tem revelado uma faceta histórica do período pouco conhecida ou divulgada, mas interessante: a de que conspirações podem servir a diferentes interesses. Bom quando uma trama histórica reverbera a atualidade.
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