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Trama confusa, pouco romance e personagens demais prejudicam A Lei do Amor

Nilson Xavier

04/11/2016 07h00

Otávio Augusto/Ricardo Tozzi/Vera Holtz/Thiago Lacerda/José Mayer (Foto: Felipe Monteiro/Raphael Dias/Artur Meninea/Gshow)

Otávio Augusto/Ricardo Tozzi/Vera Holtz/Thiago Lacerda/José Mayer (Foto: Felipe Monteiro/Raphael Dias/Artur Meninea/Gshow)

A baixa audiência de "A Lei do Amor" fez soar um alerta vermelho sobre a novela. A pesquisa com grupos de discussão (para avaliar a trama) foi antecipada (conforme informou Daniel Castro no Notícias da TV, leia AQUI). A média geral no Ibope da Grande São Paulo – até o capítulo 24 – é de 26 pontos, considerada baixa. "A Lei do Amor" tem perdido para "Haja Coração", a trama das sete – ainda que essa comparação seja injusta, já que a novela das nove está apenas começando, enquanto a das sete, no fim, vive o auge de sua repercussão.

O primeiro problema que salta aos olhos é o excesso de personagens jovens, vividos por atores pouco conhecidos, o que dificulta o público na hora de montar as relações familiares e pessoais com outros personagens. Elaborei um quebra-cabeça na tentativa de elucidar essa questão, veja AQUI.

Outro problema que causou estranhamento: a trama da novela mudou drasticamente de foco na passagem do prólogo (na década de 1990, primeira semana), para a fase atual. De romântica, explorando o amor difícil entre Helô e Pedro (Isabelle Drummond e Chay Suede), a história da novela está atualmente centrada numa intricada trama policial e política.

Será que não falta mais romance? Ou o romance entre os atuais Helô e Pedro (Claudia Abreu e Reynaldo Gianecchini) anda muito insosso? Nota-se, porém, uma trama romântica com muito potencial envolvendo Tiago e Isabela (Humberto Carrão e Alice Wegman) – seriam eles os reais mocinhos da novela?

Por fim, sente-se que a agilidade da história tem trabalhado contra ela. Atualmente, em que prevalece o suspense policial e político, as cenas de "A Lei do Amor" são curtas, clipadas, rápidas e requerem atenção do público. Se perder algum detalhe, corre-se o risco de ficar sem entender mais nada! Falta a tão criticada reiteração das novelas?

Telenovela não é série americana, em que o público se dispõe a focar por cinquenta minutos. Por décadas fomos acostumados a não prestar muita atenção em nossos folhetins na segurança de que aquela história seria recontada inúmeras vezes até o seu término. Tramas policiais demandam tempo, disposição e foco do telespectador. Algumas penaram para conquistar audiência (vide a recente "A Regra do Jogo"). Por outro lado, é sempre bom oferecer ao público um produto não tão mastigado ou óbvio.

"A Lei do Amor" tem personagens com muito apelo, principalmente no lado humorístico ou mais popular, como Salete (Claudia Raia), Mileide (Heloísa Périssé), Ruty Raquel (Titina Medeiros), Luciane (Grazi Massafera) e o Senador Venturini (Otávio Augusto). A novela é realmente boa, tem ótimos personagens, é bem escrita – como adiantou Maria Adelaide Amaral em entrevista, assista AQUI. Ou seja, tem potencial. Mas o público já sinalizou que alguns ajustes são providenciais.

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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