Mais do que atenção, "Dois Irmãos" exigia o mínimo de influências externas
Chegou ao fim nessa sexta (20/01) a saga de "Dois Irmãos", baseada no livro de Milton Hatoum, recriada para a televisão por Luiz Fernando Carvalho, com roteiro de Maria Camargo. A narrativa ganhou o peso das tintas barrocas do diretor, que retratou a decadência de uma família, marcada por uma sucessão de erros, traçando assim uma metáfora com a cidade de Manaus (onde a trama foi ambientada) e, por conseguinte, com o Brasil.
Muitos reclamaram do áudio da minissérie. Em entrevista a Maurício Stycer (leia AQUI), Luiz Fernando Carvalho citou problemas técnicos nas gravações em locações reais, como o sobrado da história. Até acredito que tenha sido uma dificuldade para o público em alguns momentos, mas nada que tornasse incompreensível o entendimento da trama.
A bem da verdade, "Dois Irmãos" é um produto audiovisual que vai além do ato de assistir. Requer atenção e contemplação com o mínimo de influências externas. No Twitter, li pessoas reclamando que não estavam entendendo. Mas você está assistindo ou está tuitando?
Luiz Fernando Carvalho propôs uma imersão em sua narrativa, não só para o entendimento, mas também para o envolvimento com a trama e personagens. Quem embarcou não ficou alheio ao drama de Zana e nem deixou de julgá-la. Acima de tudo, "Dois Irmãos" trata-se da decadência do amor, da família e, num estágio maior, da sociedade.
Para uma tragédia de estética barroca, nada mais razoável que a direção pesada de Luiz Fernando Carvalho e as interpretações arrebatadoras de Eliane Giardini, Juliana Paes, Antônio Fagundes, Antônio Calloni, Matheus Abreu, Cauã Reymond e Irandhir Santos. Não existe o melhor: eles foram os melhores e em algum momento extrapolaram todas as expectativas.
Apenas uma crítica à escalação de Irandhir para viver Nael moço quando se podia ter optado por um ator mais jovem, correspondente à idade de Cauã Reymond, pai de Nael na história. Leia também: Passagem de tempo fica confusa em "Dois Irmãos".
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