Oscar 2017: Violência e exibicionismo técnico deixam trama de “Até o Último Homem” em segundo plano
Nilson Xavier
31/01/2017 08h35
Deixei o cinema como se tivesse me livrado de um elefante das costas. Tudo é pesado em "Até o Último Homem" ("Hacksaw Ridge"): do exagero de violência explícita e gratuita ao show de exibicionismo técnico. O roteiro pesa a mão no excesso de melodrama e nos clichês dos filmes de guerra – todos os possíveis e imagináveis. O diretor Mel Gibson peca como em "A Paixão de Cristo" (2004): pesa ao misturar religião e violência sem a menor sutileza. Aguarde por muito sangue e corpos esquartejados de todas as formas e ângulos. Na segunda (e longuíssima) sequência de batalha, eu já torcia para o protagonista morrer e acabar logo com aquilo! SQN Ainda tinha mais!
Quem gosta de cinemão americano, vai adorar – tem até sustos! Tecnicamente falando, o filme é excelente, abusando de recursos de som e efeitos especiais. Se levar os Oscars técnicos de som pelos quais concorre, serão vitórias justas. A história é bonita, baseada em fatos verídicos, sobre o soldado Desmond T. Doss, que lutou na Segunda Guerra e se recusou a pegar em armas por preceitos religiosos. Andrew Garfield está excelente como o protagonista. Hugo Weaving merecia uma indicação de ator coadjuvante pelo papel do pai de Desmond, um bêbado traumatizado pela guerra. Tem a ótima Rachel Griffiths (de "O Casamento de Muriel" e das séries "Six Feet Under" e "Brothers and Sisters").
6 indicações: filme, diretor (Mel Gibson), ator (Andrew Garfield), edição, edição de som e mixagem de som.
Sobre o autor
Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.
Sobre o blog
Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.