Oscar 2017: Denzel Washington dirige e protagoniza "Um Limite entre Nós" e se sai bem nas duas funções
Nilson Xavier
24/02/2017 00h44
Em português o filme se chama "Um Limite Entre Nós". Tudo bem que o título original em inglês soa pouco comercial por aqui: "Fences" – cercas. Mas é bem mais apropriado. Baseado em uma peça de teatro, a primeira parte parece mesmo uma encenação teatral: uma longa conversa entre o personagem de Denzel Washington e alguns outros. A verborragia de Denzel, sem trilha sonora, chega a cansar. Aos poucos o filme vai se revelando e toma uma forma mais consistente. A narrativa é convencional, mas a direção é criativa. Denzel vive o protagonista e também dirige. E se sai muito bem nas duas funções.
"Um Limite Entre Nós" (que ainda prefiro chamar de "Cercas") é sobre o valor do núcleo familiar e da amizade e do quanto essas relações podem ser frágeis, por mais protegidas (por cercas) que pareçam estar. Denzel está excelente na criação de um tipo muito rico, humano e cheio de camadas. É o meu favorito ao prêmio de ator. Viola Davis, que vive a esposa, tem uma interpretação mais comedida, mas não menos intensa. Concorre como coadjuvante, mas deveria estar na categoria de atriz principal, o que de fato é neste filme. A passividade (ou permissividade) de sua personagem pode incomodar.
4 indicações: filme, ator (Denzel Washington), atriz coadjuvante (Viola Davis) e roteiro adaptado.
Sobre o autor
Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.
Sobre o blog
Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.