Por que o “Lady Night” com Tatá Werneck é melhor que os outros talk shows
A comparação é inevitável: por que diabos eu fiz uma maratona de "Lady Night" e não tenho o mesmo interesse pelos programas de Danilo Gentili, Fabio Porchat e Marcelo Adnet?
Programas de entrevista existem desde os primórdios da televisão. No Brasil, Jô Soares elevou o gênero à categoria de talk show, ao importar a fórmula do americano "Late Show" de David Letterman. Durante os últimos anos do "Programa do Jô", proliferaram em nossa TV os talk shows modernos – também baseados no que se faz lá fora.
Nesta seara, destacam-se Danilo Gentili, com o seu "The Noite" (SBT), o programa de Fabio Porchat na Record e o "Adnight" de Marcelo Adnet (Globo). Todos ótimos entrevistadores/animadores dentro da proposta de que o entrevistador anima a entrevista (e seu entrevistado), que segue misturada a brincadeiras de palco e música com a banda do programa.
E o que faz um talk show fidelizar a audiência? Neste modelo, a figura do entrevistador é tão importante quanto o entrevistado em si e/ou o assunto que o leva ao programa.
Assisto o "The Noite" quando o entrevistado ou o assunto realmente me atraem. Danilo Gentili é um ótimo entrevistador, mas não sou assíduo do programa apenas por sua causa. Mesmo porque, ele é uma peça numa atração que funciona muito bem no coletivo: o âncora e os demais integrantes do show.
Acho Fabio Porchat divertidíssimo em seu "Programa do Porchat". Como é um dos apresentadores que mais me entretêm, sua figura influencia bastante na decisão de assistir ao programa. Mas confesso que saber quem é o entrevistado é determinante.
O "Adnight" é um talk show que atira para todos os lados, com mais games e pirotecnia do que entrevista. É outro que tem minha audiência dependendo do convidado. Quanto a Adnet, não o sinto à vontade e não o vejo como um animador em seu show. Parece que falta no "Adnight" o Adnet que conhecemos de seus programas humorísticos.
Todas essas atrações têm excelentes âncoras, mestres na arte de entreter. Todavia, ainda assim, o que desperta a minha audiência são os convidados. Confesso que era o mesmo com o "Programa do Jô".
O "Lady Night" difere dos outros talk shows porque segue o caminho inverso. Lógico que o entrevistado interessa ao programa (e à audiência). Mas Tatá Werneck tem um domínio tão grande sobre o que faz em seu show, que – involuntariamente – o convidado acaba ficando em segundo plano.
Diante de Tatá, o entrevistado se torna um coadjuvante, mesmo que não seja essa a ideia. O que não é nenhum desmerecimento. Assim, ela arranca o seu melhor, deixando-o à vontade e natural, quando em outras situações ele poderia ficar engessado.
Resumindo: assumo que vejo o "Lady Night" mais pela performance de Tatá Werneck do que por seus convidados. Quando o entrevistado interessa, fica melhor ainda! Longe de mim desmerecer quem vai ao "Lady Night" (ou mesmo desmerecer Danilo Gentili, Fabio Porchat e Marcelo Adnet nessa comparação, cada qual dentro de seu estilo e fórmula próprios).
Diga-se de passagem, o meu quadro predileto do "Lady Night" não envolve o convidado da noite: é o "Entrevista com o Especialista", em que Tatá metralha um conhecedor de algum assunto qualquer com perguntas absurdas e desconcertantes sobre sua área de conhecimento ou não.
Cada episódio do "Lady Night" tem diversão garantida, independentemente de quem vai lá. Apesar de Tatá ser a grande estrela, cada programa parece pensado exclusivamente para o convidado da noite, com direito a uma música própria no final. Ponto para a equipe de produção. O mais legal é notar o quanto o convidado se diverte diante do histrionismo e verborragia de Tatá Werneck. A apresentadora consegue divertir o seu entrevistado e, consequentemente, divertir o público.
É talk show, como o "The Noite", o "Programa do Porchat" e o "Adnight". Mas é – também e acima de tudo – um divertido programa de humor.
"Lady Night", de segunda a sexta às 22h30 no Multishow. Disponível no Globosat Play. Leia também:
Feltrin: Engraçado e inteligente, "late show" de Tatá Werneck poderia estar na Globo
Stycer: Tatá Werneck dá show em Lady Night, mas deveria ouvir mais os entrevistados
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