Topo

“Não é inspirada em Game of Thrones”, diz autor da nova novela medieval da Record

Nilson Xavier

11/07/2017 10h45

Eri Johnson em "Belaventura" (Foto: reprodução)

A Record estreia, dia 25 de julho, "Belaventura", a nova novela das 19h30 (substituindo a reprise de "A Escrava Isaura"). Coprodução com a Casablanca, a trama medieval é escrita por Gustavo Reiz (de "Escrava Mãe"), com direção geral de Ivan Zettel. Desde os primeiros anúncios de que a emissora produziria uma história baseada na Europa medieval, especulou-se que seria uma versão tupiniquim da famosa série da HBO "Game of Thrones". Conversei com o autor e ele foi categórico: "Entendo a comparação… mas a novela não foi inspirada na série".

O casal romântico protagonista é vivido por Bernardo Velasco e Rayanne Moraes. No elenco, também Eri Johnson, Kadu Moliterno, Floriano Peixoto, Paulo Gorgulho, Benvindo Siqueira, Fernando Pavão, Paulo César Grande, Giuseppe Oristânio, Adriana Birolli, Juliana Knust, Camila Rodrigues, Giselle Itiê, Larissa Maciel, Juliana Didone, Alexandre Slaviero, Helena Fernandes, Bárbara Borges, Lidi Lisboa, Angelina Muniz, Esther Góes, Iara Jamra, Raymundo de Souza, André Mattos e outros.

O título sugere uma aventura. Como você define sua novela?

"Belaventura" é uma grande história de amor, com inspiração nos romances de cavalaria, nos folhetins de capa-e-espada, nos contos que atravessam o tempo. É uma aventura que se passa em um reino fictício, na era medieval, trazendo ao telespectador o clima e as emoções das narrativas ambientadas nesse período histórico tão forte no nosso imaginário.

Muito foi comentado sobre a proximidade de "Belaventura" com a série "Game of Thrones". Foi uma inspiração? O quanto sua novela se assemelha com a série do HBO?

Entendo a comparação, principalmente por causa do fenômeno que é "Game of Thrones". Eu também sou fã de Khaleesi e cia, mas a novela não foi inspirada na série. Há uma disputa pelo trono entre duas grandes lideranças, o que sempre ocorreu na História. A verdade é que a maioria desses trabalhos também bebem em fontes anteriores, que são as lendas medievais, a literatura de época, os contos e relatos de viajantes. Há muita história a ser contada, é um período extremamente rico e imaginativo. Como telespectador e fã dessas histórias, gosto que surjam cada vez mais trabalhos sobre esse período, com essa temática. Como autor, fico extremamente realizado ao criar este reino e todas as aventuras que acontecem nele.

A proposta de uma trama medieval foi sua? Ou partiu da emissora?

Foi minha. Apresentei duas propostas e essa, que era minha preferida, foi a escolhida pela emissora. Sou historiador por formação e a História Medieval sempre foi a minha área de maior interesse. Com "Belaventura" tive a oportunidade de abordar muitos temas e histórias que há muito gostaria de contar.

A Record se solidificou nas produções bíblicas. Também experimentou a fantasia dos super-heróis na saga dos "Mutantes". A que você atribui a emissora ter embarcado na ideia de uma novela medieval?

Acredito que pela proposta de oferecer algo novo, mas que se encaixaria no perfil pretendido para as tramas do horário [19h30]. "Belaventura" é uma história lúdica, com bastante romance, momentos de humor, ação e aventura. Uma novela que pode ser acompanhada por telespectadores de todas as idades. Na sequência, no horário, virá uma história contemporânea. Acho muito válido oferecer essas alternativas para o público.

Gustavo Reiz na cidade cenográfica | Bernardo Velasco e Rayanne Moraes (Fotos: reprodução)

Você se baseou em fontes literárias, como "Robin Hood", "Ivanhoé", "Cavaleiros das Távola Redonda", "O Príncipe e o Mendigo"?

Me inspirei justamente em fontes literárias e num grande material de pesquisa. Histórias e personagens desta época sempre me interessaram muito, como Robin Hood, Rei Arthur, Dom Quixote, Os Três Mosqueteiros (mesmo sendo de uma época posterior), entre tantos outros. Há referências não apenas de contos e narrativas, mas também de passagens históricas. Conto com uma medievalista, a Beatris Gonçalves, em minha equipe de roteiro, formada por Aline Garbati, Jussara Fazolo, Marco Borges e Mariana Vielmond.

A trama é ambientada em um reino fictício. São personagens brasileiros ou estrangeiros? Nomes brasileiros?

É um reino fictício, formado por vários ducados e condados que viviam em guerra antes da unificação. A minha maior referência foi a Europa Medieval, de onde mais temos material a explorar. Os nomes dos personagens já fazem referências às minhas inspirações, como Arturo, Falstaff, Quixote, Dumas, Páris, entre outros. Procurei usar nomes que poderiam remeter às tramas desta época, mas que não soassem tão estranhos ao público e aos atores.

Algum paralelo com o Brasil contemporâneo? Socialmente, politicamente falando.

Não tive essa intenção, embora seja inevitável fazer correspondências com a atualidade. O período medieval foi muito marcado pela disputa pelo poder, pela perseguição aos povos estrangeiros, pela caça às bruxas, pela soberania dos nobres com relação aos plebeus, pelas dificuldades do povo que não pertencia ao grupo mais privilegiado, pelo medo do desconhecido… Temas que ainda estão presentes em nosso dia a dia, mesmo que de formas diferentes.

Além da ambientação, vai haver outra novidade no formato? Quais os diferenciais de "Belaventura" em relação às outras novelas, inclusive as que você já escreveu?

Creio que a maior novidade seja justamente abordar temas que dificilmente se vê em novelas e que são mais comuns em séries, como disputa pelo trono, caça às bruxas, peste negra, o amor cortês, as aventuras dos cavaleiros. A narrativa também é mais ágil, tentei colocar em "Belaventura" um ritmo mais próximo ao das séries, com muitas viradas de trama e sempre novos mistérios a desvendar.

Não é a primeira vez que a Record produz uma novela de capa-e-espada. Em 1972, a emissora (ainda sob a administração de Paulo Machado de Carvalho), levou ao ar uma adaptação do romance "O Príncipe e o Mendigo", com Kadu Moliterno e Nádia Lippi. Saiba mais AQUI.

Siga no FacebookTwitterInstagram

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

Blog do Nilson Xavier