Triste coincidência: Rogéria partiu quando entrou em "Tieta"
Nilson Xavier
05/09/2017 00h00
Uma triste coincidência. Rogéria nos deixou justamente no dia em que aparece pela primeira vez na reprise da novela "Tieta", no canal Viva – ela faleceu nessa segunda (04/09), leia AQUI. Foi a primeira novela de Rogéria, uma participação como Ninette, a administradora dos negócios de Tieta (Betty Faria) em São Paulo, tendo cenas divertidas, principalmente com Paulo Betti.
Ninette chega a Santana do Agreste para provocar um verdadeiro terremoto na cidadezinha: mais adiante, em uma discussão, ela engrossa a voz e revela que seu nome verdadeiro é Valdemar! A atriz coube como uma luva no texto debochado de Aguinaldo Silva, que já denunciava o preconceito naquela época (1989).
Além de "Tieta", foram participações em mais seis novelas: "Desejos de Mulher" (2002), "Paraíso Tropical" (2007), "Duas Caras" (2008), "Malhação" (temporada de 2012), "Lado a Lado" (2012) e "Babilônia" (2015). Rogéria participaria ainda de "A Força do Querer", atualmente no ar, mas os problemas de saúde a afastaram da produção. De acordo com a autora Glória Perez, "a cena foi escrita, ela foi internada e teve de ser substituída pela Jane Di Castro".
Além das novelas, Rogéria foi vista em vários outros programas de televisão, entre séries, programas de auditório e humorísticos: "Viva a Noite", "Você Decide", "Sai de Baixo", "Zorra Total", "A Grande Família", "Toma Lá Dá Cá", "A Praça é Nossa", "Amor e Sexo", "Pé na Cova", "Tá no Ar" e outros.
Astolfo Barroso Pinto, ou Rogéria, a "travesti da família brasileira" – como ela mesma se proclamava -, será lembrada pelo fino humor, sempre respeitoso e apropriado para toda a família, de crianças aos mais velhos, pelo deboche, alto astral, carisma e bom gosto (inclusive nas piadas) – algumas das qualidades de uma das artistas mais completas que esse país já viu.
Sobre o autor
Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.
Sobre o blog
Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.