Melodramática e sem humor, "Tempo de Amar" lembra as antigas radionovelas
"Tempo de Amar", a atração das seis da tarde da Globo, remete às antigas radionovelas. O texto, a trama e a narrativa corroboram essa impressão. Há ainda a trilha sonora, eficientemente pontuada. Sim, bastaria apenas ouvi-la, como no rádio. Mas daí perde-se o espetáculo visual oferecido pelo diretor artístico Jayme Monjardim, em fotografia, cenários, figurinos e arte.
"Tempo de Amar" lembra as radionovelas pelo conteúdo – não pelo meio (de exibição). O autor Alcides Nogueira apresenta um texto perfeito. Dá gosto ouvir todos os personagens falando o português culto, dispensando o informal até nas cenas mais corriqueiras envolvendo os personagens mais informais. Há ainda, na trama, um quê de "O Direito de Nascer", um ícone da era de ouro do rádio latino-americano.
As radionovelas se popularizaram entre as décadas de 1930 e 1950. "Tempo de Amar" conta uma história de época, que se passa no final da década de 1920, ambientada ora no interior de Portugal, ora no Rio de Janeiro. É assumidamente um "folhetim de raiz", fazendo uso de todos os entrechos típicos do gênero. Porém, não abre mão de abordagens permitidas hoje que seriam inviáveis na época das radionovelas. "Tempo de Amar" não é uma novela anacrônica.
Mas nem por isso apresenta alguma novidade. Está dentro do espectro de nosso tempo, mas presa a um estilo do passado. Uma novela contemporânea antiga. Ou antiga contemporânea. A crítica maior vai ao excesso de sofrimento dos personagens. É um texto que pesa no melodrama, quase soturno, e não há alívio cômico, o que a aproxima ainda mais das radionovelas. Ou das "telelágrimas", como eram chamadas as primeiras telenovelas, ainda presas ao estilo radiofônico.
O título mais apropriado seria "Tempo de Sofrer", como bem lembrou o amigo Maurício Stycer em sua crítica (leia AQUI).
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