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Novela das 9 exibe cena bonita sobre amor na velhice, mas erra feio depois

Nilson Xavier

02/04/2018 23h37

Laura Cardoso, Lima Duarte e Fernanda Montenegro (Foto: Raquel Cunha/TV Globo)

O diretor Mauro Mendonça Filho até entrou no Twitter para avisar que o capítulo dessa segunda-feira (02/04) de "O Outro Lado do Paraíso" seria especial, com "drama, leveza e poesia". Foi sim: o primeiro bloco, que exibiu o casamento de Mercedes e Josafá (Fernanda Montenegro e Lima Duarte).

Cenas belíssimas, bem dirigidas, que contaram com parte do elenco em figurinos bonitos, o cenário preparado especialmente para a ocasião, a interpretação sensível dos veteranos Fernanda e Lima – mais Laura Cardoso, que ganhou a primeira fatia do bolo -, o texto inspirado de Walcyr Carrasco, sobre o amor na velhice, e a participação luxuosa de Lucy Alves, que cantou e tocou no casamento.

Por que especial? Porque além da beleza de toda a sequência, é uma em um milhão dentro da novela: atípica, rara, em que tudo caminhou para a perfeição, texto, direção, atuação e produção.

Foto: reprodução.

Pena que foi só o primeiro bloco. Logo a novela seguiu o seu curso normal e não faltou uma abordagem equivocada ao alcoolismo. Beth (Glória Pires) confessou um "grande segredo" a Clara (Bianca Bin): ela bebe! Seguiram-se cenas didáticas em um texto pouco coerente (como Clara nunca percebeu?) e questionável sobre bebida, fígado comprometido e transplante de rins.

Após cenas de abstinência de Beth – que tinham a intenção de serem dramáticas, pesadas, mas só foram exageradas -, a novela exibiu NA SEQUÊNCIA Mariano (Juliano Cazarré) incitando Dona Caetana (Laura Cardoso) a beber e ela, já alta, "abre o bico" sobre os crimes da vilã Sophia (Marieta Severo) – encerrando assim o capítulo e servindo de gancho para o dia seguinte.

A falta de sutileza, característica do texto da novela, atingiu a edição.

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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