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Trama e vilões atraentes fazem de "Orgulho e Paixão" a melhor novela no ar

Nilson Xavier

11/07/2018 19h13

Natália do Valle (foto: reprodução)

A entrada de Natália do Valle em "Orgulho e Paixão" abalou as estruturas da novela. A personagem da atriz, a prepotente e arrogante Lady Margareth, é um verdadeiro furacão: quando surge, parece que nada fica no lugar. A força da atriz em cena deu um ótimo chacoalhão na trama das seis. Não que "Orgulho e Paixão" estivesse catatônica – longe disso! Mas é muito bem vinda uma vilã maniqueísta e perversa em uma trama essencialmente romântica como esta. Ainda mais por meio de uma atriz como Natália.

Até então, Julieta Bittencourt, vivida por Gabriela Duarte, cumpria essa função. A Rainha do Café tentava atrapalhar o romance do filho Camilo (Maurício Destri) com Jane (Pamela Tomé), uma das irmãs Benedito. Neste momento, Julieta ganhou um destino mais aprazível: redimida, sucumbiu ao amor de Aurélio Cavalcante (Marcelo Faria). Juntos, formam um dos melhores casais da novela – se não, o melhor!

A Rainha do Café não representava uma ameaça ao amor dos protagonistas Elisabeta e Darcy (Nathalia Dill e Thiago Lacerda). Tampouco outro vilão, Xavier (Ricardo Tozzi). Esta seria a função de Susana, mas a personagem de Alessandra Negrini tem um viés cômico agradável demais para resumir-se à vilã malévola. As cenas com Petúlia (Grace Gianoukas) ou Olegário (Joaquim Lopez) continuam sendo das melhores da novela.

A união de Susana e Lady Margareth supre o fim de maldades de Susana e Julieta. A nova dupla agora tem o papel de melar o romance central da trama, até então com poucos conflitos. A princípio, a personagem de Natália do Valle é inspirada em Lady Catherine de Bourgh, do livro "Orgulho e Preconceito" – um dos vários de Jane Austen que inspiram a novela das seis. Lady Margareth entrou para cumprir uma função que poderia ter sido de Lorde Williamson (Tarcísio Meira), pai de Darcy, que não existe no livro original e que saiu muito rapidamente da novela.

Tammy Di Calafiori e Christine Fernandes (foto: reprodução)

Outra vilã tem chamado a atenção: Josephinne, de Christine Fernandes, na trama de Cecília (Anaju Dorigon), mais uma das irmãs Benedito. A personagem tem uma história ótima com Fani (Tammy Di Calafiori) e as duas atrizes estão excelentes em seus papeis vilanescos. O perfil de Josephine ainda é costurado aos de outros núcleos da novela: com Uirapuru (Bruno Gissoni) – outro vilãozinho – e Brandão (Malvino Salvador).

Em 100 capítulos, "Orgulho e Paixão" se renova, ainda com fôlego para meses no ar. É um exemplo de boa dramaturgia na televisão: uma gama de personagens bem delineados e carismáticos em histórias bem traçadas, fieis à proposta de entreter. Uma novela romântica sem ser piegas ou excessivamente melodramática.

A única ressalva, a meu ver, é a trama de Mariana Benedito (Chandelly Braz) travestida de Mário. Não a trama em si, que rende bem. Mas a caracterização da atriz como Mário. A própria família não reconhecê-la é uma forçação de barra comparável a Beto Falcão em "Segundo Sol": precisa de muita boa vontade para embarcar nessa!

AQUI tem tudo sobre "Orgulho e Paixão": trama, elenco, personagens, trilha sonora e curiosidades.

Leia também: Flavio Ricco, "Orgulho e Paixão chega ao centésimo capítulo e promete viradas"

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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