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Tímida ou nervosa, Tatá Werneck se reinventa em um "Lady Night" mais maduro

Nilson Xavier

28/11/2018 10h34

Tatá Werneck (foto: reprodução)

Quando a primeira temporada do "Lady Night" estreou (em abril de 2017), fui um dos que apontou uma característica do programa que o diferenciava dos demais talk-shows: em vez do entrevistado, a grande estrela era a entrevistadora, Tatá Werneck. Isso fazia do "Lady Night" mais do que um mero show de entrevistas. Era um completo programa humorístico, em que a performance da apresentadora divertia seu convidado e o público em casa.

Passadas duas temporadas, Tatá se reinventou. Mas sem perder a verve. Ela agora dá a vez ao entrevistado, que já é a estrela maior da atração. Não que antes estivesse ruim: o show de Tatá Werneck já valia a audiência. Neste momento (o programa estreou a terceira temporada há algumas semanas), a apresentadora provoca e incentiva seu interlocutor não só a se soltar diante de suas brincadeiras e falas nonsenses, mas também – e principalmente – a falar.

Ainda que presa a um roteiro, Tatá toca em pontos caros ao seu convidado, estimulando-o a articular suas emoções. Vide o programa da última segunda-feira (26/11), com a presença luxuosa de Caetano Veloso. O músico soltou o verbo num depoimento contundente contra os horrores da repressão no período da Ditadura Militar – o que acabou desconcertando a própria Tatá, quem diria!

Caetano Veloso (foto: reprodução)

Há de se levar em consideração que a primeira temporada do "Lady Night" contou com a participação de vários amigos pessoais da apresentadora, o que a deixava mais à vontade para dar seu show. Agora, com o programa mais – digamos – "amadurecido", Tatá, além de ouvir mais o seu interlocutor, também se permite a desconstrução: fica tímida, sem jeito ou até se mostra nervosa diante do convidado, por sua importância ou por não conhecê-lo plenamente.

A Tatá nervosa ou tímida (será que fica mesmo? é a impressão que passa às vezes) humaniza a figura da apresentadora, a traz para perto do telespectador e a tira da postura de "metralhadora de absurdos", o que poderia amedrontar o entrevistado que não tivesse tanta intimidade com ela. Pode ser uma outra faceta de Tatá Werneck, também interessante e divertida, levada ao público.

Nada disso quer dizer que Tatá tenha mudado a maneira de conduzir a atração. O entrevistado (seu amigo ou não, figura de grande importância ou de menos) ainda é o maior desconcertado diante das atitudes, brincadeiras e verborragia da apresentadora. E o melhor: todos parecem se divertir, como sempre foi.

Leia também: "Por que o "Lady Night" com Tatá Werneck é melhor que os outros talk shows".

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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