"O Sétimo Guardião" renderia uma série ou supersérie, nunca uma novela
"O Sétimo Guardião" é uma novela de muitas qualidades: ótimas produção e direção (Rogério Gomes e equipe), texto dos personagens com boas falas, e elenco bem escalado, com alguns atores se destacando em papeis interessantes – Isabela Garcia, Letícia Spiller, Elizabeth Savala, Nany People e Theodoro Cochrane, principalmente.
Contudo, chegando à sua metade, a novela desenha um cenário que pode explicar a recepção (e repercussão) até aqui morna por parte do público. A trama central de "O Sétimo Guardião" tem pouco apelo folhetinesco. A história do amor impossível de Gabriel e Luz (Bruno Gagliasso e Marina Ruy Barbosa) seria o ingrediente de folhetim na trama fantástica da irmandade secreta que guarda uma fonte milagrosa.
Todavia, o casal romântico central não empolga. Gabriel e Luz não são carismáticos o suficiente para gerar empatia no público. Difícil torcer por personagens que não sorriem. O romance é insosso. Falta verdade, falta paixão dilacerada. Falta folhetim. Neste momento em que Gabriel e Luz estão separados, sobra a trama dos guardiães, que, convenhamos, nem parece enredo de novela.
Outra crítica muito ouvida é de que "O Sétimo Guardião" é lenta e sombria. A direção usa um filtro que deixa as cenas muito escuras – quase é preciso ajustar o televisor nas sequências na gruta ou quando os guardiães se encontram. Esteticamente, é bonito. Mas é adequado a uma novela em um horário que atinge um público tão heterogêneo?
A lentidão da trama central – enquanto isso, se desenrolam as tramas paralelas – se explica no formato do produto. O autor Aguinaldo Silva dissolve sua história em uma novela, quando temos a impressão de que este enredo dos sete guardiães renderia, no máximo, uma série ou supersérie. Aliada à estética adotada pela direção, "O Sétimo Guardião", sem as histórias paralelas, seria perfeita para a faixa das 23 horas, por exemplo.
Este é um caso semelhante ao da recém-finada "O Tempo Não Para", que nem era para ter sido uma novela. A diferença é que a produção das sete esgotou sua trama central muito rápido, sobrando quase nada para os meses restantes. Aguinaldo Silva é menos afoito: ele tenta diluir a trama principal de "O Sétimo Guardião" ao longo de seis meses. Daí, a impressão de que a história se arrasta.
Nem todo enredo rende uma novela. É um risco escrever uma telenovela pensando em uma série. O produto híbrido até pode funcionar, porém, é preciso manter-se fiel ao formato pretendido.
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