Até Feijão é mais importante que Tony Ramos em "O Sétimo Guardião"
Nilson Xavier
21/02/2019 10h55
Longe de mim desmerecer o trabalho de Cauê Campos, que vive o Feijão na novela "O Sétimo Guardião". Pelo contrário, Cauê está muito bem em seu personagem. O ator, de 17 anos, já é conhecido da TV. Cauê começou aos 10 na telinha. "O Sétimo Guardião" é a sua sétima novela. Porém, ficou mais conhecido da garotada, pelo personagem Capim na série "DPA – Detetives do Prédio Azul", do canal Gloob.
Por ter caído no buraco que dá acesso ao labirinto para a fonte secreta, Feijão, um menor abandonado que mal aparecia na trama, está sendo disputado pelos outros personagens e ganhou o protagonismo da novela. Nos últimos capítulos, a palavra mais ouvida é "feijão". Só se fala de Feijão e "buraco do Feijão". Viva o Feijão!
A intenção do título deste texto é apenas chamar a atenção para o quanto o talento de Tony Ramos é desperdiçado em "O Sétimo Guardião". Sua participação no primeiro capítulo prometia grandes momentos para o ator: a sequência em que seu personagem Olavo, após o casamento frustrado da filha, tem um embate homérico com Valentina (Lília Cabral). Parecia que teríamos pela frente um duelo de vilões, ele a personagem de Lília. Fuén-fuén-fuén.
O tempo passou e as esperanças de um grande personagem para Tony foram minguando. Olavo, praticamente, não tem função na novela de Aguinaldo Silva. Um caso de "figuração de luxo". Envolveu-se com a rebelde Lurdes Maria (Bruna Limzmeyer) e…? E essa trama nem faz sentido!
Tony Ramos é daqueles atores medalhões que a gente sempre espera muito. Seu nome agiganta qualquer produção e é natural que se criem expectativas. Além do mais, raras vezes o ator foi desperdiçado. Não como agora. Quem escala Tony Ramos para desperdiçá-lo? A novela passou da metade, há tempo ainda para Aguinaldo Silva dedicar bons momentos para o ator.
Por ora, resta acompanhar os capítulos finais da novela "Baila Comigo", no canal Viva, em que Tony aparece em dose dupla, em personagens dos mais marcantes de sua carreira: os gêmeos João Victor e Quinzinho, de 37 anos atrás.
Sobre o autor
Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.
Sobre o blog
Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.